Os institucionalizados eram mantidos sem acesso à água e ao vaso sanitário, alguns deles eram amarrados com contenções mecânicas sem prescrição médica
Inquérito foi remetido à Justiça (Foto/Polícia Civil de Minas)
Uma freira e outras 14 pessoas foram indiciadas por maus-tratos contra idosos em uma instituição de acolhimento de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais. Por meio de uma coletiva de imprensa, a Polícia Civil divulgou informações sobre o caso nesta quarta-feira (18 de janeiro).
Foram identificadas 58 vítimas, sendo que dez delas morreram por falta de socorro médico. A Polícia Civil ouviu cerca de 30 pessoas e colheu uma série de provas materiais. As investigações começaram em abril do ano passado, após a clínica ser interditada pela vigilância sanitária. Na época, o local abrigava 81 idosos.
Sem água e sem banheiro
A delegada responsável pelo caso, Adriene Lopes, conta que foram arrecadadas provas com violações graves ao Estatuto do Idoso. “Conforme levantado, alguns dos institucionalizados, em especial os mais vulneráveis acometidos de distúrbios psiquiátricos, eram mantidos em ambientes insalubres, sem acesso à água e ao vaso sanitário. Além disso, alguns deles eram amarrados com contenções mecânicas sem prescrição médica. Também foi apurado que a instituição não tinha profissionais suficientes para cuidar dos internos como deveria", revela.
No lar de idosos a polícia encontrou insumos armazenados de forma irregular. Durante as investigações também ficou evidente a omissão de socorro.
Ainda durante as investigações a freira foi afastada do cargo na instituição por causa dos riscos aos idosos. "Testemunhas relataram que a freira responsável pelo cuidado aos internos determinava a omissão ou a inserção de informações falsas dos internos nos prontuários médicos e nas evoluções da enfermagem. Desse modo, alguns enfermos sofriam por horas, dias, até evoluir a óbito”, explica Adriene
Além dela, membros da diretoria, do conselho, coordenadores, funcionários e colaboradores que trabalhavam no local também foram indiciados. “A freira, enfermeira responsável técnica pela instituição, foi indiciada por crimes de infração de medida sanitária preventiva, exercício ilegal da medicina, curandeirismo, homicídio omissivo impróprio, cárcere privado, tortura e maus-tratos. Ela também foi indiciada - assim como o médico responsável pela unidade - por falsidade ideológica. Além disso, sete técnicos e auxiliares de enfermagem foram indiciados por maus-tratos, cárcere privado e tortura, sendo este último crime também imputado a outros seis funcionários da entidade”, conclui a delegada.
Fonte: O Tempo