A polêmica sobre o aborto atingiu ruidosamente a campanha presidencial, desaguando também numa das instituições mais fortes do país: a Igreja Católica. O Jornal da Manhã ouviu o arcebispo metropolitano de Uberaba, dom Roque Oppermann, sobre a cobrança do papa Bento 16 aos bispos brasileiros de que interferissem na campanha política para condenar a prática.
Na comunicação dirigida aos religiosos brasileiros, o papa afirmou “ter a Igreja o dever de emitir juízo moral, mesmo em matérias políticas, sem temor à impopularidade advinda”.
O arcebispo considera que a resposta do papa foi em defesa de dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos (SP). Quando a presidenciável Dilma Rousseff (PT) defendeu a descriminalização do aborto, o religioso reagiu, pregando voto contrário à candidata.
Dom Bergonzini afirmou em entrevista “ser o PT o partido da morte e da mentira”. De acordo com informações repercutidas na mídia brasileira, o sacerdote paulista teria confeccionado 21 milhões de panfletos clandestinos contra a petista e distribuído aos fiéis.
Dom Roque Oppermann reiterou terem os bispos total autonomia para se manifestar no âmbito de suas dioceses. No tocante a dom Bergonzini, ele considera que está havendo interesse em “aproveitar” a declaração do religioso para desestabilizar a candidata.
O arcebispo uberabense disse ter se antecipado a essa polêmica. Há cerca de quatro meses se manifestou publicamente contra o aborto. “Na época, os fiéis estavam com o raciocínio claro, sem o clamor da disputa política. Portanto, a minha postura já é de conhecimento de todos”, afirmou.