O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o terceiro entrevistado do Jornal Nacional, da Rede Globo, e, como já era de se esperar, dividiu opiniões. Antes mesmo que a entrevista começasse, internautas já duelavam nas redes sociais no melhor estilo “nós contra eles”, diretamente do passado lulista. O candidato ficou em 1º lugar nos assuntos mais comentados nas redes sociais e o nome “Lula” ficou com mais de 1 milhão de citações, inclusive de artistas, classe que enaltece o petista habitualmente.
O primeiro assunto a ser abordado por William Bonner foi sobre corrupção e os escândalos envolvendo os governos do PT. O âncora iniciou a entrevista dizendo que Lula “não deve nada à Justiça”, mas questionou sobre os crimes que envolveram as gestões do partido. Questionado sobre como o candidato iria convencer os eleitores que essas atitudes não iriam se repetir, Lula reforçou que irá continuar criando mecanismos para evitar e, ainda, citou medidas criadas no seu mandato, como o Portal da Transparência. Apesar disso, se equivocou ao puxar para si o crédito da criação de outros mecanismos contra a corrupção, como a lei contra a lavagem de dinheiro.
Sobre a escolha do novo Procurador Geral da República, se irá seguir a lista tríplice ou não, o petista conta que está evitando responder por querer deixar "uma pulguinha atrás da orelha", o que acabou sendo interpretado como uma escorregada do assunto, tão sensível na atualidade.
"Eu não quero procurador leal a mim. O procurador tem que ser leal ao povo brasileiro. Ele tem que ser leal à instituição", comenta.
Em economia, candidato disse que quer trazer para o Brasil uma estabilidade financeira e proporcionar credibilidade para o brasileiro, citando redução da inflação de 10,5% para 4,5% e redução da dívida pública de 60,4% para 39%.
"Além do que, nós fizemos a maior política de inclusão social que a história desse país conheceu. É assim que nós vamos governar esse país. Eu digo sempre, Bonner, tem três palavras mágicas para governar o país. Três. A primeira delas é a credibilidade. A segunda delas é a previsibilidade. E a terceira é estabilidade. Você tem que garantir primeiro que, quando você falar, as pessoas acreditam no que você fala", conta.
A corrupção voltou ao tema, mas tendo Dilma Rousseff como protagonista, a partir dos questionamentos dos âncoras. Lula reconheceu alguns problemas de sua sucessora, mas disse que ela foi vítima de perseguição de Eduardo Cunha e Aécio Neves, que “trabalhavam contra o governo”.
No que tange ao agronegócio, que o candidato rotulou como fascista, a chapa com Alckmin busca aproximação com o setor, cuja lealdade a Bolsonaro, na avaliação de Lula, é decorrente da liberação do uso de armas.
Ainda falando sobre o agronegócio, presidenciável defendeu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e disse que estão fazendo “uma coisa extraordinária”. “O que nós queremos é pacificar esse país. Porque, pra mim, o pequeno produtor rural, o médio produtor rural tem que viver pacificamente com o grande negócio. O Brasil tem possibilidade de ter os dois. Um produz mais internamente. O outro produz mais externamente”, finaliza.
O petista ainda citou que quer ser melhor do que antes e espera fazer o Brasil ser amigo de todos novamente, se referindo a alianças internacionais. Candidato ainda defende Alckmin, afirmando ter 100% de confiança nele, numa clara tentativa de pacificação da corrente petista que ainda não aceitou totalmente o ex-tucano na chapa presidencial. “Eu estou até com ciúmes do Alckmin. Você tem que ver que sujeito esperto”.