A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura desvios no INSS passou a investigar mais dois deputados federais de Minas Gerais. A informação foi confirmada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), em entrevista concedida ao Estado de Minas. O esquema, responsável por drenar mais de R$ 6 bilhões de aposentadorias e pensões, continua revelando novos envolvidos.
Viana explicou que os nomes dos parlamentares não serão divulgados por enquanto, já que os investigadores ainda analisam a participação de cada um. De acordo com o senador, foi identificada a circulação de recursos nas contas desses deputados provenientes de entidades já monitoradas pela própria comissão e pela Polícia Federal.
Segundo o presidente da CPMI, três políticos mineiros surgiram nas apurações: um deles já era alvo de operação da PF, enquanto os outros dois ainda têm o grau de responsabilidade em avaliação. Viana destacou que é necessário determinar se existe de fato vínculo com o esquema ou se as movimentações financeiras estão relacionadas a outras atividades.
Ao todo, 27 congressistas de 17 estados aparecem nos relatórios preliminares da comissão — três senadores e 24 deputados federais. O senador observa que todos apresentaram algum tipo de conexão com organizações que participaram das irregularidades. No entanto, ele alerta que o foro privilegiado pode limitar a atuação da CPMI, tema que está sendo analisado pela advocacia do Senado.
As apurações mostram que a fraude se estendeu por três governos. O esquema teria começado na gestão Michel Temer, se mantido durante todo o governo Bolsonaro e avançado pelos dois primeiros anos do governo Lula. As entidades envolvidas descontavam mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização, com apoio de servidores que ocupavam cargos estratégicos no INSS.
Para Viana, a permanência do grupo ao longo de tantos anos se deveu ao respaldo político que garantia a manutenção desses servidores em funções-chave. A investigação avançou na última semana com a prisão de Alessandro Stefanutto, que presidiu o INSS no início do governo Lula, e com a operação da PF contra José Carlos Oliveira, ex-ministro da Previdência na gestão Bolsonaro.