Após dez dias na Europa, o vereador Luiz Dutra (PDT) chegou a Uberaba trazendo na bagagem verdadeiro “arsenal” de informações técnicas, fotografias e publicações sobre a transformação do lixo em energia elétrica. A tecnologia de vanguarda promove a incineração de resíduos, gera lucro e reduz o efeito estufa. Motivado, ele apresentou parte dos documentos durante visita ao Jornal da Manhã.
As reuniões agendadas pelo Ministério das Relações Internacionais aconteceram em Lisboa e na França. Madrid e Moscou, previstas no roteiro inicial, não foram visitadas pelo vereador, que percorreu cerca de dois mil quilômetros de ônibus com recursos próprios, como fez questão de ressaltar.
A parte prática do projeto, Dutra disse ter conhecido em Lisboa quando visitou usina da empresa ValorSul, que transforma 600 mil toneladas de resíduos em 300 gigawatts de energia elétrica. Sem esconder o entusiasmo com os contatos mantidos, o vereador compara o lixo de Paris com o luxo da vida urbana e o requinte dos espaços públicos. Segundo ele, a energia proveniente dos resíduos já equivale a um milhão de toneladas de petróleo.
Neste processo, conforme relato, nada se perde, pois a combustão reduz 90% do lixo e a borra que sobra, denominada escória, dá origem a tijolos e outros materiais utilizados na construção civil. A metodologia francesa foi apresentada pelo diretor da Empresa CNIM, Bernard Bourée, que instalou mais de 150 unidades na Europa, processando 55 milhões de toneladas por ano. Isso representa, segundo Dutra, o lixo produzido por 155 milhões de habitantes.
O projeto funciona com eficácia devido à parceria das empresas com o poder público, formando consórcio com outras prefeituras. O passo agora é compilar as informações para apresentá-las na Câmara Municipal e ao prefeito Anderson Adauto (PMDB). A ideia de conhecer o sistema europeu surgiu durante viagem com Carlos Godoy (PTB) ao Rio de Janeiro, onde obteve as primeiras informações na usina instalada em caráter experimental.
Questionado sobre a possibilidade de implantar a tecnologia em Uberaba, cujo módulo similar ao carioca demandaria R$ 45 milhões na implantação, o vereador considera ser viável em longo prazo, principalmente se houver a formação de consórcio com as prefeituras da região. “A tecnologia deve ser pensada para o futuro, possibilitando que a cidade dê sua contribuição no combate à degradação ambiental do planeta”, enfatizou Dutra.