PRONUNCIAMENTO

Lula critica sobretaxa dos EUA e diz que Brasil não aceitará interferência externa

Em pronunciamento em rede nacional, presidente classificou medida norte-americana como “chantagem” e defendeu a soberania nacional, o Judiciário e a regulação de plataformas digitais estrangeiras

Dandara Aveiro
Publicado em 17/07/2025 às 20:59Atualizado em 17/07/2025 às 21:33
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Em pronunciamento em rede nacional, feito na noite desta quinta-feira (17), Lula afirmou que o país foi alvo de uma “chantagem inaceitável” e que a medida representa uma ameaça à soberania e às instituições brasileiras.

Segundo o presidente, o governo brasileiro participou de mais de dez reuniões com representantes dos EUA e encaminhou, em 16 de maio, uma proposta de negociação formal, aguardando uma resposta diplomática. Em vez disso, Lula afirmou que recebeu uma carta com tom ameaçador e com base em informações falsas sobre as relações comerciais entre os dois países.

“Tentar interferir na Justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional”, declarou.

Lula reafirmou que o Brasil tem um Judiciário independente e que respeita princípios como o contraditório, a ampla defesa e a presunção da inocência. Sem citar nomes diretamente, criticou políticos brasileiros que teriam apoiado a posição norte-americana, classificando-os como “traidores da pátria” que apostam no “quanto pior, melhor”.

Críticas também às plataformas digitais

O presidente aproveitou o pronunciamento para reforçar a intenção do governo de regulamentar a atuação de empresas de tecnologia estrangeiras no Brasil. Segundo ele, essas plataformas devem obedecer às leis brasileiras e não podem ser utilizadas para disseminar crimes, fake news ou ataques à democracia.

“No Brasil, ninguém está acima da lei. É preciso proteger as famílias brasileiras de organizações que usam redes digitais para cometer fraudes, racismo, incentivar a violência contra as mulheres e atacar a democracia”, pontuou.

Diplomacia ativa, mas com firmeza

Lula também mencionou os esforços do Brasil em ampliar suas relações comerciais com outros países, citando a abertura de 379 novos mercados desde o início de seu mandato. O presidente afirmou que seguirá apostando no multilateralismo e na boa diplomacia, mas deixou claro que, se necessário, usará todos os instrumentos legais — inclusive a Lei da Reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional — para proteger a economia nacional.

Ainda em tom firme, Lula lembrou que os Estados Unidos acumulam um superávit comercial de mais de 410 bilhões de dólares sobre o Brasil nos últimos 15 anos, rebatendo as alegações de que haveria práticas desleais do lado brasileiro.

“Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo”, acrescentou, ao mencionar as recentes críticas à ferramenta de pagamento brasileira, considerada uma das mais avançadas do mundo.

O presidente ainda aproveitou para comentar que, em dois anos de governo, a taxa de desmatamento da Amazônia foi reduzida pela metade e reafirmou o compromisso de zerar o desmatamento até 2030.

“Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”

Encerrando o discurso, Lula afirmou que o Brasil é um país de paz, que acredita na cooperação internacional e não tem inimigos, mas que não aceitará ameaças nem imposições externas.

“O Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”, disse, em tom enfático.

O presidente reforçou que o país seguirá unido na defesa dos seus interesses, ao lado da indústria, do comércio, do setor agrícola, dos trabalhadores e da sociedade civil. “Estamos juntos na defesa do Brasil e faremos isso de cabeça erguida”, concluiu.

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