Formato do leilão de gás da União proposto pelo Ministério de Minas e Energia estaria direcionando a oferta para fertilizantes em Uberaba, mas emendas à Medida Provisória tentam redesenhar modelo
Setores da indústria e econômicos se mostram frustrados com a proposta, que vê no leilão estruturante uma forma de acessar um gás mais barato e ganhar competitividade (Foto/Reprodução)
Prioridade de fornecimento de gás para a produção de fertilizantes no formato do leilão de gás da União frustra expectativa das indústrias. De acordo com a Agência Eixos, especializada no mercado de fontes energéticas, no Congresso, emendas à MP 1304/2025 tentam redesenhar o modelo do certame.
Ouvido pela Eixos, o Conselho de Usuários prega cautela com novos investimentos em gasodutos. ANP debate acesso aos terminais de GNL e resolução de conflitos. Tecpetrol estima gás argentino 19% mais barato em 2026 e mais.
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Segundo a reportagem, além de direcionar o leilão de gás natural da União para a produção de fertilizantes, as diretrizes do certame desenhadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) privilegiariam Uberaba como projeto piloto do programa Gás para Empregar.
Minuta da resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) com as diretrizes do leilão combina características que favorecem a contratação do gás pelo futuro polo gás-químico projetado para a região do Triângulo Mineiro. O documento está afinado com a promessa do ministro Alexandre Silveira (PSD) de trazer o gás para Uberaba.
O trecho da minuta que privilegiaria Uberaba veio a público através dos serviços de assinantes da Agência Eixos.
A expectativa inicial do governo era sacramentar essas regras na reunião do CNPE de 5 de agosto, mas o encontro foi cancelado, em parte, por falta de consenso no governo sobre a pauta – que não tratava apenas do leilão do gás da União, mas também do programa Gás para Todos (subsídio para compras de botijão de gás) e do decreto do mandato do biometano.
A agência alega que o direcionamento do gás da União para a produção de fertilizantes em Uberaba frustra as pretensões da indústria, que vê no leilão estruturante uma forma de acessar um gás mais barato e ganhar competitividade.
Em paralelo às discussões sobre a formatação do certame, no Executivo, há uma disputa pelo gás da União no Congresso Nacional, onde diferentes parlamentares, por meio das emendas à Medida Provisória 1304/2025, tentam redesenhar o modelo do leilão.
O ex-prefeito Anderson Adauto alega que essa situação não prejudica a construção do gasoduto, vindo do interior de São Paulo para o Distrito Industrial 3 em Uberaba, mas pode atrasar o projeto.