Valdemar Costa Neto prestou depoimento à Polícia Federal em Brasília (Foto/Valter Campanato/Agência Brasil)
Em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (2), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto afirmou que nunca duvidou das eleições e que por insistência do governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL) contratou uma empresa para fiscalizar as urnas.
Valdemar foi convocado a depor após dizer em uma entrevista que teve acesso a propostas de minutas com conteúdo inconstitucional semelhante ao documento que foi encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
À PF, o presidente do partido de Bolsonaro declarou “que recebeu duas ou três propostas dessas” e que quando foi perguntado – em entrevista ao jornal "O Globo" – sobre essas minutas e afirmou que “tinha na casa de todo mundo” estava utilizando uma metáfora.
No depoimento, ao qual O TEMPO teve acesso, Valdemar Costa Neto disse até que recebeu uma cópia dessa minuta de uma advogada, no aeroporto, mas que “não abria imediatamente os documentos que recebia e que só abriu quando chegou em casa". Ele não cita o nome da advogada, mas diz que quando viu do que se tratava a proposta jogou fora o documento.
Em outro momento de seu depoimento, Valdemar reforça que quando afirmou que “esses documentos tinham na casa de todo mundo” quis dizer de forma “genérica”.
Autoria e distribuição das minutas
Perguntado pelos agentes da PF que conduziam a oitiva sobre quem foi o autor do texto, quem distribuiu e quantos integrantes do governo tinhas cópias, ele foi evasivo nas respostas.
O presidente do PL disse não saber quem foi o autor e que os três ou quatro documentos que recebeu possuíam redações diferentes. Ele declarou ainda que, alguns deles, “visivelmente não tinham nenhum sentido e foram elaborados por pessoas sem experiência”.
Valdemar Costa Neto disse que também não sabia quem foi que distribuiu. No caso do aeroporto, ele diz que foi abordado por “uma mulher que se identificou como advogada”. Ao lhe entregar o documento, segundo ele, a mulher pediu que o texto fosse lido com atenção.
Sobre os integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro que possuíam cópias da minuta, Valdemar disse acreditar que várias pessoas tinham pela forma como ele mesmo recebeu, em situações diferentes, e de pessoas aleatórias. No entanto, ele afirmou que nunca falou com ninguém sobre isso.
Relação com Anderson Torres e outros investigados
Durante o depoimento, o político foi questionado sobre sua relação com Anderson Torres e respondeu que nos quatro anos de governo de Jair Bolsonaro foi ao Ministério da Justiça – pasta que era comandada por Torres – uma única vez. Costa Neto declarou que nunca participou de nenhuma reunião com o ex-ministro e também negou conhecer membros do alto comando da Polícia Militar do Distrito Federal que estão sendo investigados.
Fonte: O Tempo