NÃO É VANTAJOSO

Desinteresse em concursos deixa oncologia do HC-UFTM com déficit de médicos

Na avaliação do gerente administrativo do HC-UFTM, o maior entrave ao preenchimento é a carga horária exigida em concurso público

Joanna Prata
Publicado em 21/09/2025 às 16:35
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Hospital chegou a ter três vagas abertas para oncologistas, mas apenas duas foram preenchidas com médicos aprovados em concurso (Foto/Gov.br)

Hospital chegou a ter três vagas abertas para oncologistas, mas apenas duas foram preenchidas com médicos aprovados em concurso (Foto/Gov.br)

O Hospital de Clínicas da UFTM continua enfrentando dificuldades para manter a equipe de Oncologia completa, apesar de esforços recentes para recompor o quadro. A informação foi confirmada pelo médico infectologista e gerente administrativo do HC, Rodrigo Molina, em entrevista ao JM News, na Rádio JM.   

Segundo Molina, o hospital chegou a ter três vagas abertas para oncologistas, mas apenas duas foram preenchidas com médicos aprovados em concurso. “O nosso problema é não ter médico oncologista. Tivemos concurso, processo seletivo simplificado duas vezes no ano passado, mas não houve interessados em assumir a vaga”, afirmou.   

O gerente destacou que a Oncologia nunca deixou de ser atendida no HC, mas reconheceu o impacto da saída de profissionais que pediram exoneração por considerarem mais vantajoso atuar no setor privado. Ele ressaltou que a unidade segue sendo referência para casos de leucemia na região e mantém em funcionamento os atendimentos em oncologia ginecológica e de mama. Já em outras áreas, parte dos pacientes precisou ser encaminhada para o Hospital Hélio Angotti. 

Em julho, o Ministério Público já havia apontado um cenário de fragilidade na atenção oncológica em Uberaba. Em despacho, o promotor de Justiça José Carlos Fernandes destacou falhas estruturais e operacionais no HC-UFTM, incluindo a redução da equipe médica e a paralisação prolongada do serviço de radioterapia, que ainda opera de forma limitada. Segundo ele, a equipe mínima deveria contar com cinco oncologistas, mas havia apenas uma médica em atividade.   

Para o gerente administrativo, a dificuldade de fixar especialistas não está relacionada à remuneração, mas à carga horária exigida nos concursos públicos. “Acredito que o problema é cumprir a carga horária. Muitas vezes, para o médico, é mais vantajoso estar no consultório particular ou atendendo convênios”, explicou.   

O promotor também destacou a ausência de informações claras sobre como se deu a transferência de pacientes para o Hospital Hélio Angotti. No despacho de julho, ele apontou que um número considerável de pessoas em tratamento de oncologia clínica e radioterapia foi encaminhado ao hospital filantrópico, mas sem detalhamento oficial sobre quantos pacientes foram afetados ou como se deu o acompanhamento desses casos. Na entrevista ao JM News, Molina reconheceu que, naquele período, parte da demanda precisou ser redirecionada justamente pela falta de especialistas, reforçando que o problema não foi a falta de vontade do HC, mas a dificuldade em manter profissionais concursados.   

Com o impasse, o Ministério Público Estadual encaminhou cópia do procedimento à Procuradoria da República em Uberaba, para que o Ministério Público Federal avalie a adoção de providências. A Secretaria Municipal de Saúde também foi requisitada a prestar informações, já que é corresponsável pela regulação e garantia do acesso aos serviços oncológicos no município. 

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