“A música é feita com a disciplina de atleta e alma de poeta”. Análise é do maestro João Carlos Gandra da Silva Martins, em entrevista concedida ontem ao Jornal da Manhã. Em Uberaba visitou projetos musicais geridos por escolas e instituições e, à noite, regeu a Orquestra Filarmônica Bachiana, no Cine Vera Cruz.
Com forte história de superação pessoal, o maestro emocionou o país ao relatar no último capítulo da novela Viver a Vida exibida pela Rede Globo, os problemas de saúde que o fizeram abandonar o piano. O primeiro contato com o instrumento aconteceu aos oito anos e ainda na infância venceu diversos concursos.
Os comprometimentos na carreira precoce começaram com a ruptura de nervo na mão direita, durante jogo de futebol. Embora tenha recuperado parte dos movimentos, a situação foi agravada ao desenvolver Lesão por Esforço Repetitivo (LER).
Considerado exímio executor das músicas de Bach, tomou decisão radical ao deixar o piano e se transformar em empresário do pugilista Eder Jofre. Ao vê-lo reconquistar o título de campeão mundial, constatou que o retorno à música seria inevitável para enfrentar a própria vida.
Tornou-se maestro e, para superar as dificuldades de manusear a batuta e as partituras, decorou 10 mil páginas para reger a orquestra com perfeição. Descontraído, disse que a música é também a raiva do mundo. “Se um governo vai bem, diz estar afinado como uma orquestra. Se está mal, afirma haver orquestração contra ele”, afirmou.
O maestro João Carlos Martins se mostrou impressionado com as apresentações musicais que ele assistiu na Facthus e no Colégio Dr. José Ferreira. De Uberaba, segundo ele, parte belo exemplo a ser seguido em Minas e no país. “Acho que gostaria de me tornar cidadão uberabense”, brincou, ao afirmar o nível dos jovens músicos.
Interagiu com os estudantes, regendo-os ao final. Atualmente, João Carlos Martins desenvolve ações junto a comunidades carentes de São Paulo. “As adversidades que enfrentei serviram para construir uma sólida plataforma de vida”, finalizou.