A taxa de transmissão da Covid-19 em Uberaba quase dobrou em uma semana, de acordo com os boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde. Entre os dias 7 e 13 de setembro, o índice era de 0,91. Já no período de 14 a 20 de setembro, saltou para 1,77, indicando que cada pessoa infectada pode transmitir o vírus para quase duas outras. Esse crescimento preocupa porque significa maior risco de propagação da doença na cidade.
Segundo o boletim da Prefeitura divulgado em 22 de setembro, Uberaba registrou 86 novos casos da doença na última semana, totalizando também 86 casos ativos. Desde o início da pandemia em 2020, o município contabiliza 1.710 óbitos provocados pela Covid-19. No período entre 14 e 20 de setembro, 212 pacientes foram testados para a doença. Além disso, foram feitos 302 exames em pessoas com síndrome gripal, dos quais 61 deram positivo para o coronavírus.
Na macrorregião de Uberaba, que abrange 27 cidades do Triângulo Sul, a situação também inspira atenção. Dados da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais apontam que, somente em 2025, já foram registradas 33 hospitalizações por Covid-19 e cinco mortes. A taxa de incidência de hospitalização está em 9,77 por 100 mil habitantes e a letalidade entre os internados é de 15,15%. Desde o início da pandemia, a regional soma 260.924 casos confirmados, o quinto maior número de Minas Gerais e 3.600 óbitos, a quarta maior marca do estado.
No cenário estadual, Minas Gerais registrou em 2025 um total de 21.360 casos de Covid-19 e 192 mortes. A taxa de letalidade está em 0,93% e a incidência é de 104 casos para cada 100 mil habitantes. Os números reforçam que, mesmo após o fim da fase mais crítica da pandemia, o vírus segue em circulação e exige cuidados, especialmente com a chegada das doenças respiratórias típicas desta época do ano.
Em entrevista recente ao Jornal da Manhã, o infectologista Rodrigo Molina explicou que diferenciar a Covid-19 de outras viroses respiratórias apenas pelos sintomas continua sendo um desafio. “A doença hoje se apresenta, na maioria dos casos, com sinais semelhantes aos de outras infecções, como febre, dor de garganta, dor no corpo, tosse e coriza. O que pode chamar a atenção é a perda de olfato e paladar, ainda que menos frequente, e sintomas gastrointestinais em alguns pacientes. A confirmação só é possível de forma segura por meio de testes, como antígeno ou RT-PCR”, destacou.
O médico relacionou a alta nos registros recentes a fatores como a baixa umidade do ar, maior permanência em locais fechados e à circulação de novas variantes. Ele também lembrou que muitas pessoas têm deixado de lado medidas preventivas e, principalmente, a atualização das vacinas.
Uma dessas variantes, apelidada de “da rouquidão”, já foi identificada no Brasil. “Ela recebeu esse nome porque muitos pacientes relatam alteração de voz ou rouquidão, além de dor de garganta, tosse, febre baixa, mal-estar e coriza. Até agora, não há indícios de maior gravidade, mas a transmissão é maior”, observou Molina.
O infectologista reforçou ainda que a vacinação segue sendo a principal forma de evitar quadros graves da doença. “Quem recebeu a última dose há um ano provavelmente já perdeu grande parte da proteção. Essas pessoas se tornam mais suscetíveis ao vírus e, se tiverem fatores de risco, podem desenvolver quadros graves. Manter a imunização em dia é fundamental”, alertou.