Vista curta ou catarata: entenda as mudanças naturais na visão com a idade

À medida que envelhecemos, é comum notar mudanças na visão, especialmente na capacidade de enxergar objetos de perto. O oftalmologista Ramiro Neto explica que esse processo é natural e está ligado à degeneração do cristalino, a lente do olho, que vai perdendo transparência com o tempo. Esse fenômeno, muitas vezes chamado de “vista cansada”, afeta grande parte da população a partir dos 50 anos, exigindo o uso de lentes corretivas ou, em alguns casos, cirurgia de catarata para restaurar a nitidez da visão.   

“A partir dos 65 anos, cerca de 80% das pessoas já terão catarata, e essa taxa aumenta com a idade”, explicou o médico. Para Ramiro, o termo mais correto seria “vista curta”, já que a visão para perto realmente encurta, exigindo o uso de lentes auxiliares. Ele destacou também os avanços significativos na cirurgia de catarata.  

Enquanto no início da década de 1980 a cirurgia exigia a internação prolongada e só era realizada quando a visão estava muito comprometida, atualmente o procedimento é minimamente invasivo. A técnica moderna utiliza lentes intraoculares e permite que o paciente reduza ou até dispense o uso de óculos, com resultados seguros e eficazes. “Hoje, a cirurgia de catarata é feita através de um pequeno orifício de 1,8 milímetros, aspirando a catarata e implantando uma lente dobrável”, detalhou.   

Ramiro Neto também falou sobre pacientes que passaram por cirurgias corretivas de miopia, destacando que eles podem, futuramente, realizar a cirurgia de catarata com segurança. Ele explicou que novas fórmulas de cálculo da lente intraocular possibilitam resultados precisos mesmo em olhos previamente operados. “É uma segunda chance para o paciente ficar sem óculos, mantendo a segurança e a eficácia do procedimento”, afirmou.   

Além disso, o especialista chamou atenção para a síndrome do olho seco, cada vez mais comum após os 50 anos. Ele explicou que a lágrima é formada por três camadas — aquosa, mucina e gordurosa — e que o envelhecimento, doenças crônicas e certos medicamentos podem agravar o ressecamento ocular. Embora não leve à cegueira, o problema pode afetar significativamente o conforto visual. “O tratamento e prevenção incluem colírios sem conservantes e cuidados específicos, especialmente para quem já apresenta sensibilidade ocular”, concluiu.