O período analisado abrange a gestão de Augusto Melo, afastado em maio, e a administração de Osmar Stabile (Foto/IA)
O Corinthians divulgou nesta quinta-feira o balanço financeiro referente aos seis primeiros meses de 2025, e os números escancararam a delicada situação econômica do clube. O relatório mostra um déficit de aproximadamente R$ 60 milhões, resultado que expõe tanto os gastos acima do planejado quanto a instabilidade administrativa vivida no Parque São Jorge.
O período analisado abrange a gestão de Augusto Melo, afastado em maio, e a administração de Osmar Stabile, que assumiu interinamente e foi eleito presidente em agosto. A transição turbulenta refletiu diretamente nas contas, que já vinham pressionadas por compromissos elevados.
No orçamento elaborado no início do ano, a previsão era de despesas líquidas em torno de R$ 329 milhões. A realidade, porém, superou todas as estimativas: foram quase R$ 425 milhões desembolsados, uma diferença superior a R$ 95 milhões.
A principal razão para o rombo foi a folha salarial e os encargos relacionados ao departamento de futebol. Só com salários, direitos de imagem e obrigações trabalhistas, o Timão gastou R$ 298 milhões, quase R$ 80 milhões a mais do que havia sido estipulado.
Do lado das receitas, o clube conseguiu manter o patamar esperado: cerca de R$ 380 milhões, muito próximo ao projetado. Mas o controle das entradas não foi suficiente para compensar o estouro nas saídas, o que resultou no saldo negativo.
O detalhe curioso é que, dentro do futebol profissional, o resultado foi positivo. Graças à venda de atletas, o departamento fechou o semestre com superávit de R$ 34 milhões. O problema esteve concentrado no clube social e nas modalidades amadoras, que juntos registraram perdas acima de R$ 90 milhões.
O plano inicial, construído ainda sob Melo, previa até um pequeno superávit de R$ 2,3 milhões. A frustração dessa meta mostra o tamanho da distância entre a projeção e a prática.
Outro ponto que preocupa é a evolução da dívida total. No fechamento de 2024, o Corinthians já carregava R$ 2,5 bilhões de compromissos. Agora, após o primeiro semestre de 2025, o valor subiu para R$ 2,6 bilhões, incluindo as parcelas ligadas à Neo Química Arena.
A publicação do balanço também sofreu atrasos, resultado das divergências entre o Conselho de Orientação e a diretoria anterior. As disputas políticas e a troca de comando contribuíram para que o documento fosse divulgado apenas em setembro.
No momento em que tenta reorganizar suas finanças, o Timão enfrenta o desafio de equilibrar investimento em futebol competitivo com a necessidade urgente de estancar o crescimento da dívida. O futuro exigirá cortes e renegociações, além de criatividade para ampliar receitas sem comprometer ainda mais o caixa.