Criminosos digitais usam inteligência artificial em golpes capazes de paralisar operações da indústria, do agronegócio e de órgãos públicos
O uso de drones no agronegócio aumenta o risco de ataques cibernéticos. (Foto/Reprodução)
Antes restritos a ações isoladas e amadoras, os ataques cibernéticos se transformaram em operações coordenadas que têm causado prejuízos e interrupções em sistemas empresariais. Minas Gerais figura entre os estados mais afetados por essa nova onda de crimes digitais, especialmente nas áreas de mineração, siderurgia e agronegócio.
De acordo com levantamento da União Internacional de Telecomunicações (UIT), o Brasil avançou significativamente na segurança digital nos últimos anos. O país, que em 2018 ocupava a sexta posição entre as nações americanas no índice de comprometimento com a Agenda Global de Segurança Cibernética, passou para o segundo lugar em 2024, refletindo investimentos em governança, capacitação e cooperação internacional.
Apesar do progresso, o aumento e a complexidade dos ataques preocupam especialistas. Municípios mineiros como Carmópolis de Minas, Serro, Ribeirão Vermelho, Presidente Juscelino e Luz sofreram invasões que geraram prejuízos somados de R$ 5,8 milhões. Já em Belo Horizonte, uma quadrilha chegou a desviar R$ 107 milhões de uma instituição financeira, caso que resultou na prisão de dois envolvidos.
No segmento energético, a Aneel exige desde 2021 a adoção de 24 medidas obrigatórias de segurança cibernética, o que vem impulsionando a maturidade digital das companhias do setor. O movimento também se estende a outras agências reguladoras — como a ANP, que implementa uma norma própria de proteção digital, e a Anatel, que prepara regras específicas para equipamentos de telecomunicação. No sistema financeiro, o Banco Central já obriga todas as instituições que operam o Pix a comprovarem mecanismos robustos de defesa.
Em contrapartida, o agronegócio ainda é considerado vulnerável. O uso crescente de tecnologias como IoT, drones e tratores autônomos amplia a exposição dos produtores a ataques. “A segurança cibernética no campo ainda é imatura, mas tende a evoluir à medida que cresce o uso de ferramentas digitais”, avalia Branquinho.
Inteligência artificial defensiva surge como aliada
A popularização da inteligência artificial (IA) também tem servido como arma para os criminosos, que utilizam a tecnologia para criar códigos maliciosos e deepfakes de voz e imagem altamente realistas. Para combater essa sofisticação, especialistas apostam no uso da própria IA como ferramenta de defesa.
A TI Safe desenvolve uma nova plataforma, chamada Safer, com lançamento previsto para janeiro de 2026. O sistema será baseado em IA defensiva, capaz de detectar comportamentos suspeitos e mitigar ameaças em tempo real.