Em outubro, as contas de energia elétrica vão operar na bandeira vermelha patamar 1, conforme anúncio da Aneel
A conta de luz em outubro voltou para o patamar 1 da bandeira vermelha, conforme anúncio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso significa que ela ainda está mais cara, mas menos que em setembro e agosto, quando operou no patamar 2 - o mais alto. Neste mês, consumidores receberão as contas de energia elétrica com adicional de R$ 4,46 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Mas, para os próximos meses, essa redução pode não se manter, e o consumidor não deve contar com alívio no bolso. A tendência é continuar no vermelho até o fim do ano, na visão de especialistas.
“Em um cenário mais otimista, pode chegar à bandeira amarela em dezembro”, avalia o presidente da consultoria CMU Energia, Walter Froes. Diante do cenário dos reservatórios, para ele, ainda é cedo para reduzir a bandeira. “O mês de outubro é que vai definir o cenário dos próximos meses”, diz. Na prática, a geração de energia depende do volume de chuvas no fim do ano de 2025 e nos primeiros meses de 2026. Ou seja, bandeira verde só no ano que vem.
A aplicação da bandeira verde se dará apenas quando os reservatórios estiverem em capacidade suficiente para atender à demanda do país. Atualmente, as hidrelétricas respondem por cerca de 60% da geração de energia elétrica no Brasil.
A reportagem procurou a Aneel para comentar as expectativas da Agência para o retorno da bandeira verde e aguarda retorno.
Sistema de bandeiras
Criado em 2015 pela Aneel, o sistema de bandeiras tarifárias indica, aos consumidores, os custos da geração de energia no Brasil. É como se fosse um semáforo de trânsito indicando sinais de alerta para economizar energia. Quando os reservatórios das hidrelétricas operam em baixa, especialmente pela falta de chuvas, é necessário acionar outras fontes de energia, geralmente mais onerosas - o que justifica os aumentos ao consumidor.
“É importante ressaltar que a fonte solar de geração é intermitente e não injeta energia para o sistema o dia inteiro. Por essa razão, é necessário o acionamento das termelétricas para garantir a geração de energia quando não há iluminação solar, inclusive no horário de ponta”, explica a Aneel. Isso significa que, apesar do crescimento da energia solar no Brasil (e de outras fontes como a energia eólica), as termelétricas, que utilizam combustível fóssil, como petróleo, carvão mineral e gás natural, precisam ser acionadas. E acionar a termelétrica tem um custo bem elevado!
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a expectativa é que, em outubro, o subsistema do Sudeste/Centro-Oeste (que concentra 70% dos reservatórios) encerre o mês com capacidade de geração de energia em 48% (o que ainda não é considerado bom). Apesar disso, a expectativa é de expansão da carga. Os subsistemas Sul, Norte e Nordeste devem chegar a 31 de outubro com capacidade em 84,2%, 67,8% e 50%, respectivamente.
“Durante o mês de outubro as precipitações [chuvas] estão próximas da média nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN), com a temperatura variando entre normal e acima da média em todo o país. Essas condições são compatíveis com o período do ano e o sistema dispõe dos recursos necessários para o atendimento da demanda", afirma o diretor-geral do ONS, Marcio Rea.
Na visão do presidente da CMU, o polêmico horário de versão, abolido em 2019, poderia ser uma alternativa para ajudar na economia de energia nessa época. “A maioria das pessoas odeia o horário de verão, mas seria uma medida de economia que faz diferença. Toda economia é bem-vinda”, diz Walter Froes.
Na prática, o quanto a luz pode encarecer?
No patamar de outubro (vermelha 1), a cada 100 kWh, há um adicional de R$ 4,46. Mas isso não significa que esse valor só será acrescido a partir de 100 kWh. Na realidade, são R$ 0,04463 para cada quilowatt-hora consumido.
Para uma família que consome cerca de 250 kwh mensais, o acréscimo na conta pode chegar a R$ 11,15, além dos tributos. Já na bandeira vermelha patamar 2 (como aconteceu em setembro e agosto), para os mesmos 250 kWh, o acréscimo seria de R$ 19,69. Na amarela, o acréscimo seria de R$ 4,71.
Confira a relação de cores e os valores:
Bandeira verde: nenhum acréscimo
Bandeira amarela: acréscimo de R$ 0,01885 para cada kWh consumido (R$ 1,88 a cada 100 kWh)
Bandeira vermelha: - Patamar 1 acréscimo de R$ 0,04463 para cada kWh consumido (R$ 4,46 a cada 100 kWh)
Bandeira vermelha: - Patamar 2 acréscimo de R$ 0,07877 para cada kWh consumido (R$ 7,87 a cada 100 kWh)
Como saber se a conta está com bandeira vermelha ou amarela?
Na conta de energia elétrica enviada pela companhia, o valor exato da bandeira vermelha vem descrito nos itens da fatura. Exemplo: “Bandeira Vermelha P2 - Já Incluído no valor a pagar - R$ 20,89”.
Fonte: O Tempo.