Ao menos seis ligações geradas ou recebidas pelo telefone que funcionava com chip corporativo da Câmara, mas que estava em poder do ex-vereador Durval Chagas, foram flagradas pelo Ministério Público durante a investigação do já chamado escândalo da “máfia das ambulâncias”. O teor das conversas, contudo, até onde apurou o Jornal da Manhã, também tem relação com o descarte de medicamentos vencidos, isto porque em um dos telefonemas interceptados pelo MP consta que Durval foi repreendido porque teria “permitido” o acesso dos vereadores da Comissão de Saúde do Legislativo ao Cerest.
No Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, onde estiveram em novembro do ano passado, o presidente do colegiado, Cléber Cabeludo (PMDB), o relator Samuel Pereira (PR), o vogal Itamar Ribeiro (DEM) e o suplente José Severino (PT) encontraram vários medicamentos vencidos, guardados em um cômodo anexo. À época a PMU enfrentava uma saraivada de críticas por já ter incinerado 2,5 toneladas de remédios.
Durval, que usava o chip cedido pelo vereador Afrânio Cardoso de Lara Resende (PP), teria sido cobrado pelo interlocutor, o mesmo com quem dialogou nas demais ligações interceptadas pelo MP, através da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. O teor das ligações foi apresentado ontem ao progressista e aos integrantes da comissão de Saúde – em uma delas teria sido abordado o esquema de notas frias usadas na manutenção das ambulâncias.
Hoje, Afrânio deverá se sentar com os colegas da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, da qual é presidente, para explicar as razões que o levaram a ceder o chip para Durval, que o ajudava informalmente no mandato. Relator do colegiado, José Severino já havia adiantado ao JM que é contrário à atitude do progressista. Há uma semana ele solicitou a sua assessoria jurídica que estude o caso, ante a possibilidade de representar formalmente contra Afrânio.