A Cruz Vermelha Brasileira, no país desde 1908, atravessa uma das piores crises de sua história. A entidade deve cerca de R$ 44 milhões em dívidas trabalhistas e tributárias, além de repasses à Cruz Vermelha Internacional. Para saldar o passivo, que já levou à penhora do prédio-sede e ao bloqueio de contas bancárias, uma das saídas pode ser a venda de parte do terreno da sede, na região central da cidade.
O secretário-geral da instituição, coronel da reserva Paulo Roberto Costa e Silva, recém-empossado, disse que já há proposta para a compra da área e a ideia será debatida na assembleia geral da entidade, nas próximas semanas. O terreno da Cruz Vermelha fica próximo a um complexo de edifícios comerciais em fase de acabamento e que em breve abrigará parte dos funcionários da Petrobras.
“A quantidade de ações trabalhistas chega a 150. O valor total, pelo que se pode avaliar, já se aproxima de R$ 40 milhões. O nosso edifício-sede está penhorado pela Justiça do Trabalho. Temos proposta de um consórcio de empresas de utilizar o terreno, que é um quarteirão inteiro, para obter rendimentos capazes de financiar a instituição.”
Além das dívidas trabalhistas, a Cruz Vermelha Brasileira deve, desde 1994, a contribuição à Cruz Vermelha Internacional, no valor aproximado de US$ 2 milhões, ou cerca de R$ 4 milhões. Parte da dívida é originada nos repasses que as unidades da Cruz Vermelha nos estados deveriam enviar para a entidade nacional, o que também não ocorre. Uma auditoria será contratada para verificar as contas da entidade.
As principais fontes de renda são cursos e prestação de serviços na área de saúde, na doação de pessoas físicas e jurídicas e subvenções do Poder Público. Até o ano de 2000 a Cruz Vermelha recebia um percentual da Loteria Federal. Atualmente, há uma proposta tramitando no Congresso para restabelecer essa ajuda.