
Sorteio será realizado no dia 31 de dezembro (Foto/ALEX DE JESUS)
A Caixa Econômica Federal realiza tradicionalmente o sorteio da Mega da Virada 2025 na noite de 31 de dezembro, às 22h, com prêmio estimado em R$ 850 milhões, mas podendo chegar a R$ 1 bilhão. O prêmio deste ano pode gerar rendimentos mensais superiores a R$ 8 milhões em aplicações conservadoras.
Com a Selic em patamares elevados, investimentos como Tesouro Selic, CDBs e Letras de Crédito apresentam alternativas mais vantajosas que a poupança para equilibrar segurança, liquidez e rentabilidade. A análise foi feita pelo estrategista financeiro Silvio Azevedo, a pedido da reportagem de O TEMPO.
Quanto renderia na poupança
A poupança renderia aproximadamente R$ 5,5 milhões mensais com o valor total do prêmio. O cálculo considera a regra atual, que rende 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) quando a Selic está acima de 8,5% ao ano.
Azevedo alertou que a poupança seria uma opção de “dinheiro parado”, pouco eficiente para um montante tão expressivo. Como a Taxa Referencial apresenta variações e a própria Selic pode sofrer alterações, o rendimento exato oscila mensalmente.
Tesouro Selic e CDBs: mais rentabilidade com segurança
“Nesse cenário (CDI ~14,9% ao ano), estamos falando de algo como R$ 8,3 a R$ 8,4 milhões por mês líquidos”, explicou Azevedo, lembrando que no Tesouro Selic incide a custódia da B3, enquanto no CDB aplica-se o Imposto de Renda (IR).
Já um CDB com 100% do CDI e liquidez diária geraria aproximadamente R$ 9,9 milhões mensais em valores brutos. Após a dedução do Imposto de Renda (IR) de 15% para prazos mais longos, resultaria em cerca de R$ 8,4 milhões líquidos por mês.
O Tesouro Selic apresenta rendimento líquido similar, em torno de R$ 8,3 milhões mensais, já considerando a taxa de custódia da B3 e a mesma incidência de IR. Estas opções combinam segurança e facilidade de resgate.
LCI e LCA: isenção de IR como diferencial
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) destacam-se pela isenção de IR. Com uma taxa aproximada de 90% do CDI, estes títulos podem render cerca de R$ 8,9 milhões mensais. Azevedo as descreveu como a “turbina” do rendimento líquido, embora normalmente exijam prazo mínimo de permanência de seis meses.
Estratégia recomendada para grandes fortunas
Para quem busca o melhor equilíbrio entre segurança, liquidez e rentabilidade, o educador financeiro recomendou uma combinação de Tesouro Selic e CDBs com 100% do CDI e liquidez diária, em instituições de grande porte ou corretoras sólidas.
Uma regra fundamental para a gestão de grandes patrimônios é a diversificação. O especialista recomendou separar os investimentos por objetivos, distinguindo recursos para necessidades imediatas daqueles destinados a prazos de 6 a 12 meses.
Dá para viver só dos rendimentos?
É viável viver apenas dos rendimentos sem comprometer o valor principal do prêmio, desde que os gastos mensais sejam inferiores ao rendimento líquido. Deve-se considerar a possibilidade de oscilações no valor real devido à inflação e às variações nas taxas de juros.
Com um patrimônio dessa magnitude, Azevedo observou que a questão deixa de ser “dá pra viver?” e passa a ser “como não fazer besteira?”. Para garantir estabilidade financeira no longo prazo, ele recomendou adotar um perfil discreto e manter uma reserva de emergência equivalente a 12 meses de despesas. "Vire low profile. Quem fala demais, paga imposto emocional vitalício", brincou o especialista.
Preservação do patrimônio no longo prazo
Proteger-se contra a inflação também é essencial, destinando parte dos recursos a investimentos que acompanhem o aumento do custo de vida. O especialista advertiu contra a concentração dos recursos em um único lugar e alertou sobre os riscos de cair em ofertas de “investimento exclusivo”.
Para preservar o “valor real” do prêmio ao longo dos anos, Azevedo sugeriu um ritmo conservador de gastos entre 0,25% e 0,35% do patrimônio ao mês, reajustando esse “salário” pela inflação. Com R$ 850 milhões, isso representaria entre R$ 2,1 milhões e R$ 3 milhões mensais “sem o dinheiro emagrecer”.
O educador financeiro enfatizou que o foco deve ser a preservação do patrimônio. Caso o ganhador deseje buscar crescimento adicional, isso deveria ser feito com no máximo 5% a 10% do total, mantendo o restante em aplicações seguras. “Afinal… você consegue viver com R$ 2,1 a R$ 3 milhões por mês, não consegue?”, questionou.
Fonte/O Tempo