DEPOIMENTO

Mulher que pichou 'perdeu, mané' no 8/1 diz que agiu no 'calor do momento' e por 'falta de malícia'

Débora Rodrigues dos Santos informou que não invadiu prédios públicos e estava na Praça dos Três Poderes para tirar fotos 'porque nunca tinha ido a Brasília'

O Tempo
Publicado em 27/03/2025 às 09:27
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Débora Rodrigues dos Santos concedeu depoimento ao juiz auxiliar Rafael Henrique Tamai Rocha, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes (Foto/Reprodução/STF)

Débora Rodrigues dos Santos concedeu depoimento ao juiz auxiliar Rafael Henrique Tamai Rocha, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes (Foto/Reprodução/STF)

A cabelereira Débora Rodrigues dos Santos, a mulher que pichou a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça, afirmou que agiu no “calor do momento” e não invadiu nenhum prédio público nos atos de 8 de janeiro de 2023. A fala foi de depoimento concedido em novembro de 2024 que teve o sigilo derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Débora disse ser “uma cidadã do bem”, que “nunca fez nada de ilícito na vida” e que seu ato “não foi nada premeditado”. “Eu fui aos atos e não imaginava que iam ser tão conturbados”, disse, alegando que foi por conta própria em um ônibus que saiu de Campinas, em São Paulo. 

De acordo com ela, a passagem para Brasília custou R$ 50 e o ônibus chegou no dia 7 de janeiro, véspera dos ataques, no acampamento que estava montado em frente ao Quartel-General do Exército da capital federal. Foi de lá que os manifestantes que depredaram prédios públicos partiram.  

A mulher contou que foi chamada por um homem, que não soube identificar, a pichar a estátua com um batom. Débora contou que o homem já tinha escrito a primeira letra da frase e pediu ajuda a ela por ter “a letra muito feia”. 

“Quando eu me deparei lá em Brasília com o movimento, eu não fazia ideia do bem financeiro e do bem simbólico daquela estátua. Quando eu estava lá já tinha uma pessoa fazendo a pichação. Faltou talvez um pouco de malícia da minha parte, porque ele começou a escrita e falou assim: ‘Eu tenho a letra muito feia, moça, você pode me ajudar a escrever?’. E aí eu continuei fazendo a escrita da frase dita pelo ministro [Luís Roberto] Barroso", disse. 

A cabelereira contou que ficou somente na Praça dos Três Poderes, que fica no centro do STF, Congresso Nacional e Palácio do Planalto – os três prédios invadidos. “Eu só fiquei naquela Praça. Eu estava tirando fotos porque eu nunca tinha ido a Brasília e eu achei os prédios de fato muito bonitos”. Depois disso, disse que entrou em pânico ao ver vidraças quebradas e retornou ao acampamento no QG. 

“Lembro que uma semana antes meu filho fez uma pergunta coincidentemente sobre escrita em muro e eu falei 'isso é ilegal, isso não se faz, porque é uma poluição visual’, e eu fiz todo um texto para ele sobre isso, e eu não sei o que aconteceu comigo naquele dado momento, pelo calor da situação, de cometer esse ato [a pichação]. Eu me arrependo muito, muitíssimo, e eu jamais faria isso em sã consciência. O calor do momento alterou minhas faculdades mentais", completou. 

Julgamento 

Débora está sendo julgada pela Primeira Turma do STF. O relator, ministro Alexandre de Moraes, pediu uma pena de 14 anos de prisão e foi acompanhado pelo ministro Flávio Dino. Terceiro a votar, o ministro Luiz Fux pediu vista, movimento que trava o julgamento, e informou que irá sugerir uma revisão da pena. 

Débora virou ré em agosto de 2024. Na época, a decisão foi unânime entre os ministros da Primeira Turma. Ela foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelas ações na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. 

Os crimes atribuídos a ela são de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com emprego de substância inflamável e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.  

A cabelereira foi presa em 17 de março de 2023 em uma fase da operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal (PF) contra suspeitos de participarem dos atos. A prisão preventiva dela foi renovada em junho do mesmo ano.  

A frase utilizada por Débora para a pichação faz alusão à fala do atual presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, em reação a um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que o hostilizaram durante uma viagem aos Estados Unidos, em novembro de 2022. “Perdeu, mané, não amola”, disse ele. 

Fonte: O Tempo

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