Brasil tem, desde abril, uma Lei da Reciprocidade Econômica, e os produtos dos EUA podem ficar mais caros
Se Estados Unidos e Brasil não chegarem a um acordo até 1º de agosto e a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump for mantida, não somente os exportadores brasileiros serão impactados. Isso também afetará profundamente a indústria norte-americana e os nossos importadores, de acordo com Vladimir Feijó, professor de Relações Internacionais do UniArnaldo Centro Universitário, de Belo Horizonte.
Isso porque o Brasil tem desde abril a Lei nº 15.122, também conhecida como a “Lei da Reciprocidade Econômica”, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula. A presidência da República, por sinal, fez questão de reforçar que a reciprocidade será usada se os Estados Unidos decidirem manter uma decisão unilateral de aumento na taxação de produtos brasileiros.
De acordo com Feijó, a indústria farmacêutica e as companhias aéreas, que possuem aviões da Boeing, são alguns dos setores que podem ser fortemente impactados por uma tarifa de 50% na importação de produtos dos EUA.
“A gente tem as questões da agroindústria, biotecnologia, máquinas de precisão. A gente também tem questões de transporte, que tem um gargalo de peças exclusivamente fornecidas pelos Estados Unidos. Os principais setores que têm alta dependência dos Estados Unidos é a indústria farmacêutica que compra ingredientes e teria um pouco de dificuldade de encontrar substitutos na Alemanha, na Índia e na Suíça. Mas é possível e, dependendo das regras sanitárias, também conseguiriam encontrar na China”, explica.
O especialista explica que o Brasil pode encontrar substituições de vários produtos norte-americanos em outros países. No setor de tecnologia, por exemplo, é possível encontrar opções na China e na Coreia do Sul.
“O primeiro produto que a gente vende para os Estados Unidos é petróleo bruto e os europeus estão ansiosos por comprar petróleo de qualidade e num bom preço. O segundo setor é a parte de minério de ferro, o terceiro lugar a soja, ambos com altíssima demanda do mercado chinês. O quarto produto com maior demanda vendida para os Estados Unidos é o açúcar, que pode ser vendido no próprio Brasil”, explica.
Fonte: O Tempo