Crimes violentos caem 79% em uma década em Uberaba

Nos últimos dez anos, Uberaba conseguiu reduzir drasticamente os crimes violentos, com uma queda de 79,2% entre 2015 e 2025, passando de 3.915 para 814 no ano passado. Este ano, o balanço parcial indica 242 ocorrências do tipo entre janeiro e maio. Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp). Segundo o comandante da 5ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), Coronel PM Rodrigo Wolf, esse resultado é fruto de ações direcionadas. 

“Todos os dias, nossas equipes analisam os dados e atacam o ponto exato onde o crime está surgindo. É isso que tem feito a diferença”, afirmou o comandante, em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã. O recorte de crimes violentos da Sejusp inclui homicídios consumados e tentados, estupros (inclusive de vulnerável), roubos, extorsões e sequestros — todos considerados de alto impacto por representarem ameaça direta à integridade física ou à liberdade da vítima. Com a queda registrada ao longo da década, Uberaba se destaca hoje como uma das cidades de médio porte com melhor desempenho em segurança pública no estado. 

A estratégia adotada pela Polícia Militar combina presença ostensiva com inteligência operacional. “Não é sobre inventar soluções novas, é sobre estar presente no lugar certo, na hora certa”, reforça o Coronel PM Wolf. O uso de videomonitoramento, câmeras integradas, sistemas de inteligência artificial e análise diária de dados permitiu à PM manter a efetividade mesmo com redução no número de policiais nas ruas. “Com base em dados e tecnologia, conseguimos mais efetividade com menos policiais. Isso tem sido decisivo”, completou. 
 
Mesmo com a redução expressiva dos índices gerais, alguns crimes ainda preocupam. Entre janeiro e maio de 2025, o roubo foi o mais recorrente, com 153 ocorrências consumadas e 21 tentativas. Os homicídios registraram 11 mortes e 12 tentativas no mesmo período. Já os estupros de vulnerável somaram 24 casos, a maioria cometida dentro das residências. “É um tipo de crime muito difícil de prevenir porque ocorre no ambiente familiar. Por isso, insistimos na importância da denúncia anônima pelo 181”, afirmou o comandante. 

 O monitoramento diário das chamadas “zonas quentes” da criminalidade evita que os crimes se concentrem em pontos fixos de Uberaba. “Essas zonas são dinâmicas. A partir do momento em que atuamos em um local, o problema pode migrar para outro. Por isso, reagimos todos os dias, com base nos dados do dia anterior”, explicou Coronel PM Wolf. A presença constante da Polícia Militar em corredores estratégicos da cidade tem aumentado a sensação de segurança da população. 

Para enfrentar esse tipo de violência e estreitar o laço com a comunidade, a PM tem apostado em ações educativas em escolas e fortalecimento das redes de vizinhos protegidos, inclusive em áreas rurais. “Isso aproxima o policial da comunidade. O morador passa a conhecer e confiar naquele policial que atua na sua região, criando um vínculo de cooperação”, explicou o comandante. Coronel PM Wolf destacou ainda que a pandemia acentuou certos tipos de crime doméstico, mas também incentivou mais denúncias, graças ao trabalho de conscientização. 

Outro fator importante na melhoria dos índices é o combate ao tráfico de drogas, principalmente na chamada “Rota Caipira”, que cruza o Triângulo Mineiro. “Temos um trabalho integrado com outras forças e realizamos apreensões quase diárias. Estamos sempre olhando além da montanha, antecipando os movimentos da criminalidade”, pontuou o comandante, ao destacar o impacto desse enfrentamento direto na redução da violência urbana. 

Por fim, Coronel PM Wolf reforçou que o sucesso da década se deve a um conjunto de fatores: tecnologia, análise constante de dados, presença territorial e envolvimento direto da população. “A polícia sozinha não consegue. Recebemos informações valiosas da comunidade, e isso só acontece porque existe credibilidade. Agimos com firmeza e dentro da legalidade. É essa parceria que nos coloca na contramão da violência”, concluiu.