Secretário foi questionado sobre a questão do não cumprimento de carga horária por profissionais médicos do SUS e anunciou que o modelo de contratação deve ser modificado
O secretário Sétimo Bóscolo revelou que um projeto está sendo elaborado para adotar um modelo de remuneração dos médicos por produtividade
Após denúncias de descumprimento de carga horária por médicos nas unidades de saúde, governo municipal estuda modificar modelo de contratação dos profissionais. O secretário de Saúde, Sétimo Bóscolo, posicionou que, ao invés de estabelecer o salário por hora, a proposta é adotar um sistema de remuneração por produtividade.
Bóscolo esteve na Câmara Municipal na última semana e foi confrontado sobre as reclamações devido a médicos que não cumprem integralmente a carga horária nas unidades de saúde. Em resposta aos questionamentos, o titular da pasta manifestou que a prática não é aceitável e assegurou que existe fiscalização para que o horário de trabalho seja seguido pelos profissionais.
No entanto, o secretário defendeu que uma forma de resolver o problema seria a mudança no formato de contratação dos profissionais. “Esse modelo de contratação por hora está errado. Atuo há 40 anos como médico em Uberaba e está errado há 40 anos. Tanto é que nenhum secretário anterior a mim conseguiu resolver isso. Não é falta de fiscalização. Fiscalização a gente faz”, argumentou.
Desta forma, o titular da pasta afirmou que um projeto está sendo elaborado para adotar um modelo de remuneração dos profissionais por produtividade. “Tem que receber pelo que atende, e não por hora. A gente tem que estabelecer metas. Se atender dez pacientes, vai ter um salário. Se atender 20, vai ter um bônus, e assim por diante”, declarou.
A proposta, entretanto, teve objeção do vereador Diego Fabiano de Oliveira (PP). O parlamentar citou que haveria o risco de profissionais concentrarem muitos atendimentos em um curto período se não houver um monitoramento efetivo da Secretaria de Saúde. “Tivemos caso de uma médica que deveria ter trabalhado quatro horas na unidade e trabalhou só uma hora, mas atendeu sete crianças. Uma hora é muito pouco para sete pacientes. [...] Então, é preciso cuidado quando se fala de produtividade, porque pode gerar a sensação de que, se fizer de qualquer jeito, vai receber”, salientou.
O secretário declarou não ser conivente com a conduta e adiantou que serão estabelecidas metas também quanto à qualidade do atendimento. “Nós temos competência suficiente para criar um programa que alie produtividade à qualidade, com foco na resolutividade”, acrescentou.
Segundo o titular da pasta, um projeto com o novo modelo de contratação dos profissionais de Saúde está sendo finalizado e será enviado à Câmara Municipal para avaliação, mas não foi especificada data para enviar a proposta para análise do Legislativo.