Ao falar sobre o seu amor à democracia nesta quarta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cometeu uma gafe que desagradou a primeira-dama, Janja da Silva, e que tem causado repercussão nas redes sociais.
Ao improvisar em seu discurso no evento em memória aos dois anos dos atos de 8 janeiro, o petista disse que os homens seriam "mais apaixonados" pelas amantes do que pelas suas mulheres: “Somente em um processo democrático a gente pode conquistar isso. É por isso que eu sou um amante da democracia".
Não sou nem marido, eu sou amante da democracia, porque na maioria das vezes os amantes (maridos) são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres. Eu sou um amante da democracia porque conheço o valor dela”, afirmou Lula durante o evento.
Ele arrancou algumas risadas na plateia do Palácio do Planalto, mas recebeu um olhar de desaprovação da primeira-dama que estava no palco da solenidade. A fala machista também tem repercutido nas redes sociais, principalmente em perfis de oposição.
Lula chama Alexandre de Moraes de 'Xandão'
Em outro momento, o presidente chamou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de Xandão. "Tenho 79 anos, já vivi muito vendo a Suprema Corte brasileira, e nunca conheci um ministro da Suprema Corte que tivesse um apelido, apelido dado pelo povo, chamado Xandão".
"É um apelido que já pegou. E desse apelido você nunca mais vai se libertar. Pode ficar sério, e não adianta ficar nervoso, que ninguém vai parar de te chamar de Xandão", afirmou Lula ao microfone, olhando para o ministro do STF, em meio a um Palácio lotado de autoridades dos Três Poderes. Muitos aplaudiram e riram, como Moraes.
O presidente voltar a citar "Xandão" ao lembrar do plano, revelado pela Polícia Federal (PF), que envolvia o assassinato dele, de Moraes e do vice-presidente Geraldo Alckmin, após as eleições de 2022.
"Escapei da tentativa junto com o Xandão e companheiro Alckmin de um atentado de um bando de irresponsáveis, aloprados, que acharam que eu não precisava assumir a Presidência depois do resultado eleitoral e que seria fácil tomar o poder", afirmou Lula. "Falei para o Alckmin: acho que Deus é muito inteligente e ele achou que a gente daria mais trabalho aqui", completou.
‘Ainda estamos aqui’, ressalta Lula
Já em outro momento, Lula defendeu a democracia com referência direta ao filme “Ainda estou aqui”, que mostra os efeitos da ditadura militar na vida da família do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido após ser levado de casa por agentes do regime.
“Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejaram os golpistas de 8 de janeiro de 2023", afirmou o presidente.
Lula continuou: "Hoje estamos aqui para que ninguém seja morto ou desparecido em razão da causa que defende. Estamos aqui em nome de todas as Marias, Clarices e Eunices", em citação a Eunice Paiva, esposa de Rubens, retratada em "Ainda estou aqui". "Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ditadura nunca mais, democracia sempre", frisou.
A cerimônia foi aberta pela entrega de 21 obras e objetos históricos danificados dois anos atrás. A primeira-dama, Janja da Silva, fez um discurso: "O Palácio do Planalto, onde estamos hoje, foi vítima do ódio que estimula e continua estimulando atos antidemocráticos, falas fascistas e autoritárias. Para isso, a nossa resposta é a união, a solidariedade e o amor".
Fonte: O Tempo