Marão não descarta ser o líder da prefeita, mas vê posição com ressalvas

Vereador Ismar Marão deixa a presidência da Câmara Municipal de Uberaba (Foto/Rodrigo Garcia - CMU)

De malas prontas para deixar a presidência da Câmara Municipal de Uberaba, vereador Ismar Marão (PSD) vê seu futuro político ainda com certo grau de incerteza. Derrotado nas urnas nas eleições de outubro, quando colocou seu nome à disposição para deputado federal, Marão reafirma lealdade à prefeita Elisa Araújo (Solidariedade), e não descarta ser líder do Executivo no próximo ano, quando seu sucessor na presidência, vereador Fernando Mendes (MDB), assumir. Contudo, em entrevista à Rádio JM, no JM News 1ª Edição, Marão explica ter ressalvas com a liderança, uma vez que poderia se tornar uma pedra no sapato rumo às eleições em 2024.

Tendo em vista o alinhamento com a prefeita Elisa Araújo, é visto como natural o encaminhamento de Marão à liderança do Executivo, mas ele garante que o convite não foi feito. Ainda. Questionado se estaria aberto à posição, o vereador não descarta, mas vê com ressalvas o convite, uma vez que a liderança poderia afetar sua caminhada política em 2024.

“Eu analisaria bem. Nós vamos ter dois anos, possivelmente, com pautas impopulares, que vão desgastar o líder. A gente teve um reflexo disso quando o Rubério (Santos) foi o líder do prefeito (Paulo Piau). Diga-se de passagem, um líder exemplar. O que levou a um desgaste muito grande, levando o Rubério a não ser eleito. A gente tem isso claramente para nós, que isso (a não reeleição do então vereador) foi um efeito da liderança dele nos dois últimos anos. Ele foi um líder enfático do Executivo”, analisa Marão.

Entre as pautas impopulares, Marão destaca a reavaliação do IPTU e a tarifa do transporte coletivo, que devem chegar ao Legislativo de Uberaba em breve. “A gente vê que não tem mais como a Prefeitura subsidiar isso. Uma hora ou outra vai ter que ter um aumento, que vai ter que ser encaminhado para a Câmara Municipal. Há outras pautas que podem estar chegando aí. São pautas impopulares que acabam acarretando um desgaste para quem estiver na liderança”, pondera o vereador.

Mesmo sendo um grupo coeso na base aliada ao Executivo, Marão garantiu à Rádio JM que isso não significa campanha para Elisa Araújo em 2024 e que a própria prefeita tem ciência disso. “A gente sabe que lá na frente tem uma dispersão nesse sentido. É a base de sustentação da prefeita, mas chega em determinado ponto das eleições que é a sobrevida do próprio vereador. Aí é um por todos e todos por um. Cada um vai procurar um partido com maior possibilidade de ser reeleito, ou um partido que tenha um perfil maior do candidato e isso se desmancha automaticamente”, explicou Marão, se referindo à coesão do Grupo dos 13. Na avaliação do atual presidente e eventual futuro líder da prefeita, é natural que, sem vislumbrar eleições para uma Mesa Diretora, o grupo acaba se dotando de certa fragilidade, mas que isso não interferirá no julgamento dos parlamentares tendo como foco o melhor para Uberaba.

“Nós temos algumas situações que mostram que poderão desalinhar lá na frente, mas isso foi muito bem conversado com a prefeita nesse sentido de ter a base para dar uma sustentação para votar em prol de Uberaba, mas isso não dá a certeza de que esses 12 vereadores, na época da eleição, estarão na base dela, ajudando ela”, afirma.

E em 2024, como vem Ismar Marão? Questionado se há pretensão política de alçar novos voos em âmbito municipal, colocando seu nome à disposição para a Prefeitura de Uberaba, Marão desconversou. “A gente falar que não tem pretensão de ser prefeito de Uberaba... O político que falar isso tem que se aposentar. Mas falta muito tempo ainda, falta muita água para passar debaixo da ponte e estou deixando a presidência da Câmara, depois de quatro anos. O momento agora é de sentar com nosso grupo, de realinhar e ver de que forma a gente vai caminhar para o futuro”, finaliza. No xadrez político muitas movimentações antecedem o xeque-mate, mas claramente o jogo já começou.