O Partido Liberal (PL) deseja o retorno do governador reeleito Romeu Zema (Novo). Embora neguem que haja qualquer negociações, os liberais já deixaram claro a Zema que, caso decida sair do Novo, que não atingiu a cláusula de barreira nas últimas eleições, o partido estaria de portas abertas para recebê-lo. Zema foi filiado ao PL entre 1999 e 2018.
O presidente estadual do PL, José Santana, admite que, quando recebeu na última semana um telefonema do secretário de Estado de Governo, Igor Eto (Novo), lhe contando que reassumiria a pasta, comentou que o PL estaria com as portas abertas para receber Zema. “Conversamos no geral e eu falei para o secretári ‘A médio prazo, acho que o governador tem que escolher um novo caminho, porque ele hoje é um nome sério pelo trabalho que fez em Minas’”, detalha.
Deputado federal por seis mandatos consecutivos entre 1987 e 2011, Zé Santana reassumiu o diretório estadual do PL em fevereiro último, quando substituiu um dos filhos, o ex-deputado estadual Bernardo Santana. A mudança atendeu a um pedido do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, com quem, acrescenta Santana, conversou há cerca de 20 dias sobre Zema. “Disse a ele que queria convidar Zema para o nosso partido e ele falou que seria uma boa e não teria nenhuma objeção”, conta.
No entanto, o próprio ex-deputado federal afirma que não há nada oficial, já que Zema foi reeleito em 1º turno há pouco. “Não foi nada oficial, foi oficioso. Ele será muito bem recebido no partido se ele quiser vir e na hora em que achar conveniente. Agora, se quer a minha opinião, acho que ele não vai decidir nada agora. Ele não é afoito. Ele vai pensar e ver qual é o melhor caminho”, pontua Zé Santana, lembrando, entretanto, que a bancada de 99 deputados federais do PL daria sustentação nacional ao governador.
O deputado estadual reeleito Gustavo Santana (PL), que fez campanha à reeleição de Zema mesmo diante da candidatura do senador Carlos Viana (PL) ao governo de Minas Gerais, também diz que o partido está de portas abertas. “Pra mim, não cabe ao governador ficar em um partido em que o ex-presidente apoiou Lula. E o PL foi o primeiro partido a que ele foi filiado”, acrescenta Gustavo, em referência a João Amoêdo, cuja filiação ao Novo foi suspensa após o voto declarado no presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mas, conforme Gustavo, desde o fim do 2º turno, não houve diálogo com Zema, já que o governador reeleito tirou alguns dias de folga após coordenar a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas. “Teve um convite no telefone. Ponto, mais nada”, reitera o deputado estadual, que é o 2º vice-presidente do PL em Minas.
Já o deputado federal reeleito Lincoln Portela (PL) aponta que o PL já flerta com Zema há algum tempo. “É claro que as coisas não são simplesmente ‘venha para o partido’. Precisamos conversar, ele precisa colocar os pontos de vista dele, o sentimento que ele tem em relação a isso, o sentimento que os colegas de trabalho e o secretariado têm etc. Penso que esse processo pode evoluir paulatinamente”, conclui o 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados.
Portela lembra que o PL esteve a ponto de embarcar na chapa à reeleição encabeçada por Zema. À época, às vésperas do fim da janela partidária, o senador Carlos Viana filiou-se ao PL para ser o candidato ao governo de Minas. A mudança de rota foi uma imposição do diretório nacional, uma vez que o governador se negou a apoiar a reeleição de Bolsonaro ainda no 1º turno.
Interlocutores de Zema, por sua vez, rechaçam que haja qualquer negociação para o governador trocar o Novo pelo PL. “Está tudo muito recente. Muita água para rolar até 2026”, responde um deles ao Aparte. Ao menos dentro do Palácio Tiradentes, as investidas do PL são vistas como um “gesto de cordialidade” diante da proximidade entre Zema e a legenda. Os liberais, por exemplo, devem integrar a base do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.