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Em 188 anos de história, é a primeira vez que, na Câmara Municipal de Uberaba (CMU), uma vereadora sai em licença-maternidade. Rochelle Gutierrez (PDT), que está em fase final de gestação, fez um emocionado discurso na semana passada, antes de deixar o posto, para cumprir o período de quatro meses de afastamento.
O tema levantou polêmica no fim de semana, por conta da baixa representatividade feminina, no Legislativo, uma vez que hoje quatro mulheres exercem o cargo de vereadora, mas, com a licença de Rochelle, serão três nos próximos quatro meses.
Suplente de Rochelle é também uma mulher, a professora Silvana Elias, que não pode ser convocada, segundo a presidência da Câmara, por uma questão legal. Já Silvana alegou ser vítima de machismo.
Fato é que o ineditismo na licença-maternidade de Rochelle revela muito da baixa participação feminina no Legislativo. Em dois séculos, apenas dez mulheres foram eleitas para a Câmara Municipal.
A primeira a conquistar um cargo no Legislativo local foi Helena de Brito, no já distante ano de 1951 (conforme projeto Memória Viva da CMU). Nessa mesma legislatura estavam Álvaro Barra Pontes, Américo Abdanur Racy, Antônio Dal Secchi, Ataliba Guaritá Neto, Cláudio Moreira de Almeida, Jaime Matheus, José Humberto Rodrigues da Cunha, José Inácio de Oliveira, Manoel Gonçalves de Freitas, Ranulfo Borges do Nascimento, Roberval Alcebíades Ferreira e Wilson de Paiva.
A CMU só teria novamente a presença feminina após 32 anos. Em 1983, foram eleitas duas vereadoras: Patrícia Zaidan e Lélia Inês Teixeira. Mas Patrícia renunciou após dois anos de mandato e em seu lugar assumiu o suplente Lélio Oliveira. Daí foram mais 14 anos, até que novamente a presença feminina ganhasse espaço na Câmara Municipal, com a eleição da ex-primeira-dama Teresinha Cartafina (esposa do ex-prefeito Silvério Cartafina). Ela foi eleita na legislatura de 1997/2000.
Na última vez que a cidade contou com 19 vereadores, na legislatura de 2001/2004, Teresinha conseguiu a reeleição e, com ela, também foi eleita a professora Marilda Ribeiro (então no PT). Juntas, participaram de uma Comissão Especial de Investigação (CEI), que apurou desvio de recursos na Fundação Cultural de Uberaba (FCU) e no Arquivo Público Municipal. Na legislatura seguinte, de 2005/2008, já com 14 vereadores (como está até hoje), apenas Marilda Ribeiro conseguiu retornar à CMU.
De 2009 a 2012, nenhuma mulher foi eleita. A então suplente Denise Max assumiu o posto de vereadora no meio do mandato, após a saída de Tony Carlos para ocupar a cadeira de deputado estadual. O fato ocorreu na legislatura 2013/2016. Denise, que defende a causa animal, foi eleita pela primeira vez para a Legislatura 2017/2020, sendo a única mulher naquela ocasião.
Vale lembrar que a primeira legislatura na Câmara de Uberaba aconteceu em 1837.
Na Legislatura 2021/24, foram eleitas Denise Max, Alessandra Abrigo dos Anjos, Luciene Fachinelli e Rochelle Gutierrez. Pela primeira vez, a CMU contou com quatro mulheres. No atual mandato, permanecem quatro, porém, saiu Alessandra e em seu lugar foi eleita Ellen Miziara (PL), que chegou ao Legislativo pouco tempo após dar à luz a sua primeira filha.