47% dos adultos brasileiros são sedentários, taxa sobe para 84% entre os jovens (Foto/Freepik)
Um terço da população mundial adulta é fisicamente inativa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, considerado o país mais sedentário da América Latina e o quinto do mundo, a taxa é ainda maior: de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 47% dos adultos são sedentários. Entre os jovens os dados são ainda mais assustadores: 84% deles são considerados fisicamente inativos.
A falta de exercícios físicos é comprovadamente um fator de risco. Em um relatório, a OMS previu que, entre 2020 e 2030, 500 milhões de pessoas iriam desenvolver doenças cardíacas, obesidade ou outras condições atribuídas à inatividade física. Outra pesquisa, essa desenvolvida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontou que o sedentarismo e obesidade podem envelhecer o sistema imunológico em até 15 anos, favorecendo o surgimento de outras doenças. A boa notícia é que a prática regular de exercícios físicos pode mudar esse cenário, controlando os fatores de envelhecimento precoce.
Começar a praticar uma atividade física quando se é sedentário – segundo a OMS, quando não se pratica atividade física moderada por pelo menos 150 minutos ou exercícios intensos por 75 minutos por semana – pode não ser das tarefas mais fáceis, principalmente quando questões como tempo e motivação interferem na equação. Para tornar a missão mais fácil, o educador físico Paulo Sabino (@paulosabino) destaca que é importante buscar algo que seja democrático e acessível, já que dessa forma será mais fácil manter o hábito de praticar atividades físicas. “Acredito que começar pela clássica caminhada é uma excelente opção para iniciar o processo de deixar o sedentarismo. Comece com cinco minutos por dia na primeira semana, passe para dez minutos na segunda e assim por diante. A cada aumento, você vai perceber o quanto está melhorando e sentindo que o seu corpo responde a esse aumento progressivo”, orienta.
O médico Artur Oliveira Mendes, especialista em medicina de família e comunidade cooperado da Unimed-BH, reforça o coro, ressaltando que o mais importante é começar. “Não dizer ‘vou iniciar na segunda-feira’ ou ‘mês que vem’. É preciso iniciar imediatamente. Tomar uma decisão. O ideal é atingir ao menos 150 minutos de atividade física por semana, mas não começar assim. Meia hora, três vezes por semana, para começar está ótimo”, sugere. Ele também acrescenta que não é necessário um preparo especial para iniciar e que com poucos dias a pessoa vai perceber a evolução e desejar melhorar o desempenho. “Aí, então, é hora de entender que a caminhada precisa ser com roupas mais leves, um tênis mais confortável... A pessoa vai perceber que orientação adequada de um educador físico ajuda muito e potencializa o resultado. Mas o principal, antes de tudo, é a decisão: iniciar uma atividade. Sair da cama e do celular. Deixar a televisão e os abusos alimentares. Quem mais gosta da gente é a gente mesmo, e perceber isso é importante para decidir se cuidar”.
Para a escolha da atividade a ser praticada, o médico orienta que sejam evitados modismos ou grupos com os quais a pessoa não tenha afinidade. “Faça aquilo que lhe traga satisfação. Gosta de dançar? Dance. Gosta de pedalar? Então pedale. Não adianta ir para a academia e ficar mal-humorado, desistindo depois. Academia é um espaço maravilhoso pra muita gente, e claro que usar equipamentos e ter um professor incentivando ajuda muito, mas, se insistir em uma atividade que não goste, a chance de perder a motivação é grande”, pontua. O educador físico Paulo Sabino compartilha da mesma opinião. “Quando você consegue encontrar prazer em fazer alguma atividade, as chances de se manter ativo aumentam muito. E os resultados colhidos com a permanência nos treinos serão o principal motivador para que se possa continuar ativo”, completa.
Começar, mas sem abusos
O médico Artur Oliveira Mendes reforça a importância de iniciar uma atividade física para sair do sedentarismo, mas pondera que é importante não abusar. “O resultado não vai ser mais rápido porque resolveu ultrapassar todos os seus limites em uma semana. Comece a prática. Levante-se, escolha uma atividade”, reitera. Ele ainda afirma que, no momento em que a decisão for tomada, a ajuda médica e a de um educador físico são importantes. “Mas nada substitui a determinação e a disciplina para fazer uma atividade. E isso não se alcança só com conselhos e do dia para a noite. Isso se consegue decidindo começar. É uma luta diária. Mas é assim que se vence o sedentarismo”, diz.
Já Paulo Sabino explica que é importante buscar profissionais para saber como andam as coisas, ter informações sobre a saúde, mas pontua que isso não deve ser um limitador para começar. “Nosso corpo foi feito para se movimentar. Se uma pessoa não pode caminhar por cinco minutos, ela precisa urgentemente de um médico”, afirma, acrescentando que, para a evolução dos treinamentos, após sair da classificação de sedentário, pode, sim, ser necessária a busca de ajuda profissional para que a sequência dos treinamentos seja feita com segurança. “Essa fase pode ser a mais perigosa, já que a pessoa se sente bem e acha que pode evoluir sem base ou acompanhamento. Mas esses profissionais vão balizar o que pode ser feito e qual a melhor forma de fazer”.
Fonte: O Tempo