Quando ultrapassamos a meia-idade e comemoramos mais um aniversário, recebemos mensagens de afeto e carinho. Costumamos ler os comentários e sentimos que a cada ano nos tornamos mais sábios. Mas será que estamos sempre aprendendo? Este ano, um comentário me levou a refletir: “O que você aprendeu até aqui?” Poderia ter ignorado ou ocultado, mas o considerei construtivo para uma reflexão. Seria no sentido de envelhecimento ou de aprendizado humano? Logo pensei: tenho que usar óculos para ler, minha pele está salpicada de sardas porque sempre tomei sol, continuo gostando de ler, tomar sol, emociono-me com filmes de amor e com coro infantil, entro no espírito de criança sempre que posso. “O que você aprendeu até aqui”? Por que esse comentário?
A vida nos ensina muitas lições e passamos a entender que não existe um único caminho correto. As experiências moldam nossa visão do mundo e percebemos que até os valores têm outros significados com o correr do tempo...
Houve uma época em que acreditávamos que a vida era um mapa e que, se o seguíssemos à risca, as coisas dariam certo.
Em viagem para o exterior com minha querida irmã Ani, fizemos um script ideal e não aceitávamos que ninguém palpitasse. O mapa para a chegada era para ser seguido perfeitamente. Acreditávamos que a vida podia ser controlada como se fosse possível conter o fluxo de um rio em nossas mãos.
Em direção a Nova Iorque deu uma pane no avião e descemos em Barbados, com despesas pagas pela aeronave. Um lugar incrivelmente lindo, paradisíaco, com areias branquinhas e um mar azul, com um calor convidativo. Que desvio espetacular!
Em outra viagem, problemas no avião. Paramos em Miami, em um luxuoso hotel, por dois dias, com tudo pago. Atalhos que valeram mais que os tesouros da chegada.
Impossível deixar esses momentos passarem em branco... Alegria, fantasia e badalação!
A mente fala conosco o tempo todo e, muitas vezes, damos pouco ouvido às vozes externas.
“O que você aprendeu até aqui?” Ainda não obtive resposta e receio que não a tenha encontrado.
Todos nós somos viajantes em mares emocionais. Quando os obstáculos aparecem, em forma de doenças repentinas, mortes não programadas, problemas graves e imprevisíveis, tornarmo-nos vítimas desses infortúnios é desafiador. E temos que ter a capacidade de transformar essa fatalidade em oportunidade de crescimento e manter a humildade de aceitação. Fácil?!... Melhor mergulhar no interno, aceitar, cultivar uma compreensão compassiva com nós mesmos. Vitimismo e revolta são armadilhas de autodestruição.
Sinto que a maturidade tem métricas, que podem ser limites. Precisamos parar e pensar em recomeçar, avaliando valores leves e evolutivos.
No mundo contemporâneo, precisamos reavaliar mudanças. Temos que nos transformar em seres menos críticos, controladores, palpiteiros, descomplicados, implicantes, preconceituosos! Ouvir mais... devagar, com calma!
E você, leitor, O QUE APRENDEU DE MAIS IMPORTANTE ATÉ AQUI?
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro