NOVO SISTEMA

Nova tecnologia em Uberaba promete detectar câncer de mama antes da mamografia

Hospital Hélio Angotti inicia projeto gratuito com IA que já opera em 24 países e pode mudar o rastreamento oncológico no Brasil

Joanna Prata
Publicado em 13/10/2025 às 11:38
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O Hospital Hélio Angotti (HHA) lança nesta segunda-feira (13) em Uberaba um programa de rastreamento precoce do câncer de mama que visa realizar 140 mil exames gratuitos com o uso da tecnologia Linda LifeTech. O sistema combina inteligência artificial e termografia para detectar alterações celulares nas mamas, mesmo antes da formação de lesões visíveis. 

A tecnologia foi desenvolvida por uma startup criada por brasileiros, hoje sediada no Canadá, e vinculada à área de inovação da Universidade de São Paulo (USP). Segundo o ex-deputado e atual diretor de Relações Institucionais do HHA, Narcio Rodrigues, a ferramenta foi apresentada internacionalmente no encontro do G20 em 2023, na Índia, e reconhecida como uma das inovações mais promissoras na prevenção do câncer de mama. Atualmente, está em processo de validação junto à Anvisa, já presente em 15 estados brasileiros e 24 países. 

Os exames oferecidos pelo Hospital Hélio Angotti serão gratuitos e viabilizados por meio de emendas parlamentares. Diversos deputados, de diferentes partidos e regiões, destinaram recursos para o programa, garantindo a realização dos exames em Uberaba e em outros 20 municípios mineiros. “É um exame de graça, viabilizado através de parcerias com parlamentares da nossa região. Parlamentares de direita, de esquerda, gente que compreende que a prevenção do câncer é muito mais importante do que essa briga política que está aí no ar”, afirmou Narcio durante entrevista ao Pingo do J, da Rádio JM

Uberaba entra como um dos polos estratégicos do projeto, com o Hélio Angotti se tornando o primeiro hospital filantrópico de Minas Gerais a participar do protocolo oficial de validação da tecnologia. Embora o hospital não coordene diretamente os exames em Uberlândia, Narcio informou que a cidade já iniciou sua própria etapa do projeto, com previsão de 25 mil exames, viabilizados por recursos da deputada Ana Paula Leão. 

Diferente da mamografia, o exame com o Linda LifeTech não utiliza radiação, não envolve toque e não causa dor. A paciente permanece por alguns minutos em uma sala com temperatura controlada entre 21°C e 23°C. A tecnologia capta uma imagem térmica das mamas, que é analisada por inteligência artificial para identificar alterações celulares que podem evoluir para câncer. Se for identificada alguma anomalia, a paciente é encaminhada para exames complementares, como a mamografia. 

Um projeto-piloto realizado anteriormente em Frutal, com mil mulheres, identificou alterações em 59 delas, cerca de 6%. Todas foram encaminhadas para investigação mais detalhada. A maioria das mulheres com resultados alterados estava na faixa etária de 40 a 50 anos, o que reforça a importância de ampliar o rastreamento para além da atual faixa prioritária do SUS, que até recentemente atendia apenas mulheres entre 50 e 69 anos. 

Narcio destacou que o foco principal do projeto são as mulheres entre 25 e 49 anos, grupo que, até então, não era contemplado pelo SUS. Ainda assim, o exame estará disponível para qualquer mulher interessada, sem necessidade de pedido médico. “É um dos exames mais simples. Não é procedimento médico, não há necessidade de nenhuma recomendação. Toda mulher que estiver entre 25 e 49 anos, que é a prioridade do projeto, mas que não é exclusivamente as que serão atendidas, tem abertura total”, explicou. 

Além de democratizar o acesso à prevenção, o exame se destaca pela mobilidade. Por não exigir grandes estruturas, o equipamento pode ser levado até comunidades em cidades pequenas e distantes. “Hoje nós temos 75% dos municípios brasileiros que não têm mamografia. [...] A vantagem desse dispositivo é a facilidade que ele tem de deslocamento. Você pode ir a Peirópolis e fazer uma rodada de exames com a comunidade lá, sem que as pessoas tenham que se deslocar”, disse Narcio. 

O custo médio do exame é de R$ 120 por unidade. Embora ainda não esteja disponível no SUS, o Hélio Angotti participa do protocolo de validação da Anvisa e acredita que a tecnologia poderá futuramente integrar a rede pública. “Nós acreditamos que depois dessa rodada nós vamos transformar esse dispositivo em uma ferramenta do SUS”, afirmou. 

O lançamento do Linda LifeTech faz parte do projeto “Hospital do Futuro”, estratégia do Hélio Angotti para ampliar sua atuação em inovação na área oncológica. A instituição também está reestruturando o centro “Sempre Mulher”, voltado à prevenção de cânceres femininos, com novos equipamentos e expansão para outras cidades, como Uberlândia e Araxá. Também há estudos em andamento para incorporar inteligência artificial no diagnóstico de câncer de pele. 

Apesar dos desafios financeiros enfrentados pela instituição, incluindo bloqueios judiciais relacionados a passivos trabalhistas, o hospital segue ampliando sua estrutura e serviços. “Estamos anunciando aqui um programa que o hospital não teria obrigação de fazer e está fazendo, que é um grande programa de prevenção. Porque, como diz o nosso presidente do hospital, doutor Carlo Vanucci: prevenir é muito melhor do que ter que curar”, concluiu Narcio Rodrigues.

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