O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (8/8) que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está garantindo a democracia no Brasil.
Lula também criticou a ocupação física do plenário da Câmara por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que tentaram paralisar os trabalhos do Legislativo em protesto contra as medidas cautelares impostas ao ex-presidente pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante seu discurso em evento em Rio Branco (AC), o presidente se dirigiu ao senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e pediu que ele não assinasse o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes.
“Você, Petecão, não assine o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, porque ele está garantindo a democracia. Quem deveria ter o impeachment são esses deputados e senadores que ficam tentando fazer greve para não permitir que funcionem a Câmara e o Senado, verdadeiros traidores da pátria”, disse Lula.
Uma das reivindicações dos parlamentares da oposição era a abertura do processo de impeachment contra o ministro do STF, que decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), anunciou ter conseguido 41 assinaturas para o requerimento, de um total de 81 senadores. Mesmo assim, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), já descartou a possibilidade.
Esta é a primeira vez no atual mandato em que o petista visita os dois estados, os únicos para onde ele ainda não tinha ido desde que tomou posse, em 2024. O governo federal realiza investimentos de R$ 1,1 bilhão do governo federal em infraestrutura, transportes, energia, educação e regularização fundiária no Acre.
Oposição rebate declaração de Lula
Em nota, a oposição na Câmara criticou a declaração do presidente Lula e disse que é "mais uma prova cabal de seu perfil autoritário, truculento e incompatível com a democracia". Além disso, reforçou que não se intimidará por "ameaças".
Veja a íntegra:
"A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendendo a cassação do mandato de parlamentares da Oposição que ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, é mais uma prova cabal de seu perfil autoritário, truculento e incompatível com a democracia.
Lula, que já não esconde seu projeto de poder hegemônico, pretende criminalizar um ato político legítimo, realizado em um momento gravíssimo da vida nacional, em reação direta à denúncia da Lava Toga. Esta revelou provas contundentes de que o ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF, montou um gabinete paralelo para perseguir opositores políticos, atropelando a Constituição, fabricando acusações e rasgando direitos fundamentais.
O que Lula chama de “ato passível de cassação” é, na verdade, um instrumento de resistência democrática, usado inúmeras vezes pela própria esquerda. O PT, o PSOL e outros partidos aliados já ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado em diversas ocasiões — no impeachment de Dilma Rousseff, para protestar contra a prisão de Lula, contra a Reforma da Previdência e contra a Reforma Trabalhista. Em todos esses episódios, a ocupação foi tratada pela imprensa e pelos próprios petistas como um ato político legítimo, sem qualquer ameaça de cassação de mandato.
É preciso lembrar que o próprio PT, no passado, foi contra a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal, alegando que ele não tinha condições de ocupar o cargo. Hoje, no entanto, Lula e o PT se tornaram aliados de Moraes, unidos em um projeto de destruição da oposição, censura à imprensa livre e perseguição a todos que se atrevam a desafiar o regime que tentam impor ao Brasil.
Chega a ser irônico — e profundamente revelador — que Lula, que se beneficiou dessa tolerância institucional quando esteve na oposição, agora proponha punir parlamentares que cumprem o papel de defender o povo contra abusos de poder e contra o avanço de um projeto autoritário que se alinha ao que há de pior na esquerda nacional e internacional: regimes que silenciam vozes dissidentes, perseguem adversários e manipulam instituições para perpetuar-se no poder.
A Oposição na Câmara reafirma que não se intimidará com ameaças, intimidações ou tentativas de cassação. Continuaremos firmes, defendendo a Constituição, o Estado Democrático de Direito e o direito sagrado do povo brasileiro de ter representantes que não se curvem diante de abusos. Lula pode querer uma ditadura sem oposição — mas encontrará aqui um bloco coeso, combativo e inabalável na defesa da liberdade".
Fonte: O Tempo.