O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados instaurou, nesta terça-feira (2), 14 processos disciplinares contra 10 parlamentares. Entre os investigados estão o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), Kim Kataguiri (União-SP) e Célia Xakriabá (Psol-MG). O deputado André Janones (Avante-MG), no entanto, é o principal alvo, respondendo sozinho a três representações.
Acusações contra Janones
As frentes abertas contra o deputado mineiro incluem:
As representações foram apresentadas por bancadas adversárias e seguirão o rito do Conselho: escolha de relator, apresentação de defesa, instrução do processo com coleta de provas e eventual julgamento em Plenário.
O avanço dos processos repercute de forma particular em Minas Gerais e no Triângulo Mineiro. Janones ampliou sua base política após transferir o gabinete regional para Uberaba, em 2024, movimento que gerou reações de vereadores locais. O deputado mantém protagonismo em pautas ligadas a repasses e emendas parlamentares na região.
A tramitação no Conselho de Ética adiciona incertezas sobre sua capacidade de articulação nessas agendas. Além disso, pressiona sua imagem digital — espaço em que construiu grande parte de seu capital político. Em Brasília, a reincidência de representações é vista como fator que fragiliza apoios eventuais e torna o desfecho menos previsível.
Após a instalação dos processos, será feito sorteio de lista tríplice para definição de relatoria. O relator terá até 10 dias úteis para elaborar parecer preliminar e receber as defesas. Na fase de instrução, o colegiado poderá ouvir testemunhas e analisar documentos. Em caso de condenação, as penalidades variam de censura à cassação, passando por suspensão temporária do mandato.
O cenário é marcado por disputas cruzadas. Partidos como PL, PT e Psol também acionaram adversários, aumentando a tensão no segundo semestre legislativo.
Além de Janones, a nova leva de processos atinge parlamentares de diferentes campos políticos. Lindbergh Farias é alvo de acusações relacionadas a declarações públicas; Kim Kataguiri responde por supostas falas ofensivas; e Célia Xakriabá foi denunciada em razão de embates ocorridos em Plenário. Também constam na lista casos de ataques discriminatórios e acusações de agressão física.
Nos bastidores, a expectativa é de que o calendário do Conselho, combinado com a repercussão nas redes sociais, seja determinante para medir o impacto eleitoral e a sobrevivência política dos investigados.