ECONOMIA

Haddad confirma pacote de socorro a produtores atingidos por tarifaço de Trump

Entram em vigor nesta quarta-feira (6/8) as tarifas de importação de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre o Brasil

Renato Alves/O Tempo
Publicado em 06/08/2025 às 11:07
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na manhã desta quarta-feira (6/8) que a pasta vai enviar ao Palácio do Planalto, nas próximas horas, as medidas de proteção a setores afetados pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que entrou em vigor neste mesmo dia.

A jornalistas, na portaria do Ministério da Fazenda, Haddad confirmou a possibilidade do pacote de ações virem em formato de medida provisória (MP). No entanto, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva definir o dia em que anunciará as medidas de enfrentamento ao tarifaço.  

“[As medidas de proteção do setores] Saem hoje aqui da Fazenda. Ontem, tivemos uma reunião com o presidente para detalhar o plano. Tem um relatório que vai chegar do MDIC nos relatando empresa por empresa, o presidente pediu, mas o ato em si não depende desse documento porque é um ato mais genérico. Só na regulamentação e aplicação da lei que vamos ter que fazer uma análise mais setorial, CNPJ a CNPJ”, afirmou.

Na noite de terça-feira (5/8), Lula ajustou os últimos detalhes do plano de socorro aos setores mais afetados. Ele recebeu no Planalto o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad, Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Rui Costa (Casa Civil), para tratar do tema. Segundo auxiliares, a principal preocupação do presidente Lula é com a preservação de empregos.

Haddad confirmou aos jornalistas nesta quarta-feira que terá reunião virtual com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, na próxima quarta-feira (13/8). “Eu tenho uma reunião marcada para a semana que vem, com data e hora fixada, com o secretário Bessent, oficializando o interesse em conversar [...] Vai ser na quarta-feira, remota”, disse o ministro da Fazenda.

Lula disse que não vai ligar para Trump para falar de tarifaço

Previsto para entrar em vigor nesta quarta-feira, o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros teve, entre outras justificativas, o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022. 

Para Trump, existe uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, seu aliado no cenário internacional. Em resposta, Lula disse ver nisso interesse eleitoral. “O pretexto (para a taxação) não é nem político, é eleitoral”, afirmou o petista. Ao participar de reunião nesta terça-feira (5/8), do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, Lula disse que não ligaria para Trump porque o presidente norte-americano não quer conversar.

“Não vou ligar para o Trump para negociar nada (sobre o tarifaço), porque ele não quer”, discursou Lula, para afirmar em seguida: “Mas pode ficar certa, Marina (Silva, ministra do Meio Ambiente). Vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP (a reunião global sobre mudanças climáticas, que desta vez vai acontecer em Belém); quero saber o que é que ele pensa da questão climática”.

Lula voltou a reclamar que o presidente norte-americano poderia ter ligado antes para ele ou para o vice-presidente Geraldo Alckmin, já que haveria disposição de diálogo em relação à imposição de novas tarifas. O tarifaço foi divulgado por meio de carta publicada em rede social. “O presidente americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil”, reclamou Lula.

Em resposta a uma pergunta de uma jornalista da TV Globo, Trump disse que “ele (Lula) pode falar comigo quando quiser”. Lula reagiu horas depois. Na rede social X, ele escreveu que sempre esteve aberto ao diálogo e, no momento, trabalha para dar resposta às medidas tarifárias anunciadas por Trump. “Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições.”

Produtos foram poupados de tarifaço

Na semana passada,Trump assinou a medida que afeta 35,9% das mercadorias brasileiras enviadas ao mercado norte-americano, o que representa 4% das exportações brasileiras. Por outro lado, quase 700 produtos do Brasil ficaram fora do tarifaço.   

Café, frutas e carnes estão entre os produtos que passam a pagar uma sobretaxa de 50%. Ficaram de fora dessa taxa suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes, polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos.

O tarifaço imposto ao Brasil faz parte da nova política da Casa Branca, inaugurada por Donald Trump, de elevar as tarifas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter à relativa perda de competitividade da economia americana para a China nas últimas décadas. 

Em 2 de abril, Trump iniciou a guerra comercial impondo barreiras alfandegárias a países de acordo com o tamanho do déficit que os Estados Unidos têm com cada nação. Como os EUA têm superávit com o Brasil, foi imposta, em abril, a taxa mais baixa, de 10%.

Porém, no início de julho, Trump elevou a tarifa para 50% contra o Brasil em retaliação a decisões que, segundo ele, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento de Bolsonaro.

Fonte: O Tempo

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