Exercícios controlam efeitos da esclerose múltipla

Na esclerose múltipla, doença progressiva que afeta o sistema nervoso central, causando uma série de problemas, a fadiga afeta 70% a 90% dos portadores e é descrita como um dos piores sintomas. Afinal, devido à fadiga, fica mais difícil para essas pessoas compreenderem as situações do dia-a-dia, o rendimento e a qualidade de vida ficam comprometidos e até o tratamento enfrenta maiores problemas. A fisioterapeuta Marcela Batistuta explica que a fadiga é uma sensação de fraqueza, com falta de energia. Essa exaustão dificulta a realização das atividades diárias, causando sensação de incapacidade, falta de motivação e diminuição de libido, desejo sexual. “A fadiga é uma sensação universal sentida pela maioria das pessoas. E, geralmente, é um efeito proporcional à causa. Por exempl após grande esforço ou por falta de sono. Em qualquer distúrbio do sistema nervoso, a pessoa afetada nota que se cansa mais rapidamente que o normal”.   Ainda segundo ela, esse sintoma é mais comum em quem sofre de esclerose múltipla, sendo descrito como um cansaço intenso, que não tem relação com o nível de atividade nem com o grau de incapacidade física. “Pode ocorrer diariamente e mesmo após uma noite de descanso. Tende a piorar com o avançar do dia e a agravar com o calor e a umidade. É uma sensação mais severa que a fadiga normal e tem maior chance de interferir nas responsabilidades diárias”, explica Marcela. As principais causas da fadiga manifestada na doença são decorrentes de excessos, sejam físicos ou mentais, que podem se manifestar de várias formas. “A forma aguda é quando ela aparece durante o esforço e desaparece com o repouso. Crônica, quando persiste após o repouso, podendo ser localizada, quando há o excesso de determinado grupo de músculos. Porém, a mais frequente na esclerose é a sistêmica, um caso generalizado, com perda de força física e desânimo”, define.   A fadiga muscular em braços ou pernas também é sintoma da esclerose. “Após atividades repetitivas, como andar longas distâncias, o exercício faz com que a perna falhe e cause também uma sensação de fraqueza. Isso é causado por um bloqueio do impulso nervoso e o ideal nessa hora é parar de andar, repousar e depois voltar a realizar o exercício moderadamente, para que a condução nervosa reinicie”, destaca a fisioterapeuta. Assim como provoca a ruptura da vida diária, a fadiga da esclerose múltipla também causa ansiedade. Isso ocorre, particularmente, após esforço e, especialmente, quando a atividade ou o ambiente provocam aumento da temperatura corpórea. “Deve-se notar que a fadiga não está relacionada com os surtos e que não provoca piora da doença ou elevação permanente da incapacidade”, completa.   Técnica. Marcela destaca, ainda, que a prática de exercícios físicos regular pode ajudar a controlar os efeitos da doença. “É importante que seja uma atividade leve, como dentro de uma piscina, com temperaturas amenas, pelo menos duas vezes por semana, em ambiente adequado, com roupas próprias para a atividade e em grupos de pessoas que possuem a mesma dificuldade, para que ninguém fique desmotivado. Essa atividade promove grande melhora no astral, diminui a sensação de formigamento e de fadiga”. A fisioterapeuta ainda deixa dicas práticas para combater o cansaço no dia-a-dia. Acompanhe-as no quadro ao lado.