DEPRESSÃO

Xô, depressão! Como identificar sinais de que a tristeza está atrapalhando a sua vida

Psicólogo Sérgio Marçal faz importante alerta sobre o tempo de duração da tristeza: quando ela é prolongada, pode ser sinal de depressão

Larissa Prata
Publicado em 22/01/2023 às 12:17Atualizado em 22/01/2023 às 12:17
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O Brasil tem cerca de 18,6 milhões de pessoas que sofrem de ansiedade (Foto/Reprodução)

Talvez o grande mal da sociedade pós-moderna seja a ansiedade. Somos uma população ansiosa e, depois da pandemia de Covid-19, nos tornamos também tristes e deprimidos. Mas como identificar que realmente algo requer atenção especializada? O psicólogo clínico Sérgio Marçal explica que a grande diferença entre a tristeza e a depressão é a intensidade, a duração dos sintomas e sua associação.

“Se os sintomas persistem e geram prejuízo na rotina de vida diária, social e ocupacional da pessoa por períodos prolongados, pode-se iniciar um processo diagnóstico e de cuidado da depressão enquanto doença, diferente da tristeza”, explica ele. A tristeza faz parte da rotina e da vida de todas as pessoas. Afinal, é impossível viver apenas de momentos felizes e, tal qual uma grande montanha russa, a vida é feita de altos e baixos. Saber lidar com ambos é que é o “x” da questão.

Acrescente à equação o fator tempo para chegar à depressão. Ela é explicada pelo Ministério da Saúde como “um problema médico grave e altamente prevalente na população em geral”, com prevalência de 15,5% ao longo da vida no Brasil. É uma das grandes causas de incapacitação da pessoa. Por isso, é preciso estar atento aos sinais e encarar a situação com a firmeza e atenção que ela merece, uma vez que não raros são os resultados de morte em decorrência da depressão.

Os sintomas são muito específicos de cada caso, mas Sério Marçal elenca alguns pontos de atenção. “A depressão por sua vez, inclui sintomas emocionais físicos e cognitivos mais prolongados, nos quais a pessoa tem dificuldades de se desvencilhar para levar o seu ritmo de vida até então normal. Os sintomas emocionais incluem de tristeza, angústia, medo, irritabilidade aumentada que pode levar a crises de raiva, explosividade, sentimentos exagerados de frustração, sensação de inutilidade e incapacidade, rebaixamento da autoestima, desejo de isolamento social ou das demais pessoas. Os sintomas físicos são variados e podem se manifestar desde dores vagas e imprecisas, tonturas, cólicas, falta de ar, náuseas e outras queixas de caracterização clínica complicada. Já os sintomas cognitivos incluem prejuízo na capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões. Neste aspecto são comuns as queixas de enfraquecimento da memória ou distração”, enumera.

Ansiedade e depressão

O Brasil tem cerca de 18,6 milhões de pessoas que sofrem de ansiedade. O dado é da Organização Mundial da Saúde, que coloca o país no topo do ranking mundial. A ansiedade é estrutural na humanidade e foi desenvolvida como uma característica de sobrevivência, lá nos primórdios, sobretudo em situações de ataque e fuga, quando surge a tensão ou desconforto derivado da antecipação do perigo, diante do desconhecido.

Sérgio Marçal, no entanto, explica que hoje em dia são comuns os casos em que essa ansiedade transborda e passa a atingir todos os campos da vida. “Na ansiedade descompensada é comum o esgotamento ou astenia, que consiste em um estado de cansaço físico e mental generalizado em que a pessoa se sente sem energias físicas e emocionais suficientes para enfrentar os desafios da vida. Pode vir ou não acompanhada do medo, e gera um desgaste desproporcional de energia. Por essa razão, a pessoa entra um processo de retraimento e prejuízo em seu funcionamento, que pode levar à depressão e vivência dos sintomas descritos acima. É como se a corrida com gasto de energias de modo desproporcional levasse ao esgotamento dessa energia antes do tempo e a um sofrimento desproporcional que desconecta o sujeito da vida em sua capacidade amorosa, afetiva, criativa”, explica.

Contudo, é preciso entender que ansiedade todos temos e sentimentos. Algumas situações pontuais podem levar ao agravamento e à descompensação desse sentimento, trazendo dificuldade à pessoa em compreender e lidar com situações por vezes corriqueiras no cotidiano. Sérgio Marçal orienta que, para combater o desenvolvimento da ansiedade patológica, é preciso educar o pensamento, aprendendo a analisar o que se pensa sem deixar que ele flua rumo à produção de sensações negativas.

“Substituir pensamentos e estados mentais negativos por ocupação produtiva da mente, atividades prazerosas, exercícios físicos, relacionamentos afetivos e sociais saudáveis, alimentação adequada e vivência de tudo aquilo que faz a pessoa se sentir bem são formas de combater a ansiedade patológica ou doentia e preservar a saúde mental. Tudo aquilo que te fizer se sentir bem, beneficiará sua saúde mental. Lembre-se do pensamento do psicanalista Jung: “Eu não sou o que me aconteceu, eu sou aquilo quer eu escolho me tornar”. Você pode ser melhor e crescer nas crises, que são nada mais que sinalizações da necessidade de mudança diante de modos de vida que muitas vezes podem ser adoecedores, sem sonhos, amor e cuidado de si e do outro”, finaliza o psicólogo.

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