POUCA FREQUÊNCIA

Tomado por oferendas religiosas, cemitério recebe limpeza apenas uma vez por semana

Dandara Aveiro
Publicado em 09/04/2025 às 12:20Atualizado em 10/04/2025 às 07:49
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No local, havia um animal morto em avançado estado de decomposição, sinal evidente de que o material permanecia ali há vários dias sem qualquer tipo de intervenção (Foto/Marcos Machado)

No local, havia um animal morto em avançado estado de decomposição, sinal evidente de que o material permanecia ali há vários dias sem qualquer tipo de intervenção (Foto/Marcos Machado)

Denúncia de ouvinte da Rádio JM sobre oferenda religiosa deixada no entorno do Cemitério São João Batista, em Uberaba, abre discussões com relação à frequência de limpeza do espaço. No local, havia um animal morto em avançado estado de decomposição, sinal evidente de que o material permanecia ali há vários dias sem qualquer tipo de intervenção. Embora os resíduos tenham sido recolhidos dias após o ato, os órgãos competentes informaram que a manutenção é feita apenas uma vez por semana o que, segundo moradores, não tem sido suficiente para evitar situações como essa. 

A prática é comum no cemitério e em suas proximidades e está amparada pela liberdade religiosa individual. Contudo, é necessária estrutura de limpeza regular capaz de garantir o bem-estar coletivo. O que tem gerado incômodo entre os moradores vizinhos é justamente a frequência dessa manutenção, que não ocorre a contento, obrigando os moradores a conviver com odores fortes e riscos à saúde pública quando os materiais permanecem expostos por muito tempo.  

Procurada pelo Jornal da Manhã, a Companhia Operacional de Desenvolvimento, Saneamento e Ações Urbanas (Codau), responsável pela limpeza urbana, informou que já recolheu a oferenda mencionada na denúncia. No entanto, a companhia afirmou que a limpeza externa, da calçada no entorno do Cemitério São João Batista, é feita pela equipe da varrição semanalmente, normalmente aos sábados.  

"A periodicidade do serviço de varrição segue determinações contratuais e o quantitativo é distribuído por região. Por exemplo, no centro da cidade, que tem vários estabelecimentos comerciais a limpeza é diária, em outro ponto que a quantidade de lojas é menor, é duas vezes na semana, e nos locais que não existe comércio a varrição é uma vez na semana", explicou a autarquia, acrescentando que a região próxima ao Cemitério Municipal se encaixa no terceiro perfil.

Em paralelo, a Secretaria de Serviços Urbanos e Obras (Sesurb) comunicou que a manutenção dentro dos cemitérios é executada diariamente por equipes da própria Prefeitura de Uberaba. "Enquanto isso, o município providencia os trâmites para a republicação do edital para contratação de empresa responsável pela conservação, manutenção e limpeza dos cemitérios municipais", revelou a Sesurb.

A reportagem também ouviu uma líder religiosa, que defendeu a necessidade de limpeza mais frequente no local, já que as oferendas não seguem dias específicos. Apesar de realizar práticas do tipo, ela se posicionou contra a realização desses rituais em áreas urbanas, por entender que isso desrespeita o espaço público e alimenta o preconceito às religiões de matriz africana. 

“Não há dia certo para as oferendas, pode ser qualquer dia da semana. Quando se faz oferendas no cruzeiro é menos pior, porque há certa limpeza dentro do cemitério. Mas isso acontece demais no entorno, especialmente na parte de trás. Tinha que ter câmeras ali ou vigilância para que isso não seja feito. Lugar de oferenda é afastado da cidade”, comentou a mãe de Santo, que também reclamou da precariedade e falta de segurança do espaço. 

Em resposta, a Codau esclareceu que para aumentar a periodicidade da varrição é preciso fazer alterações no contrato com e empresa terceirizada que realiza o serviço. Contudo, assegurou que a solicitação dos moradores será levada à próxima revisão contratual, com possibilidade de ampliar a frequência da limpeza na região. 

"Até lá, a Codau conta com o apoio da população para que não faça o descarte irregular, sobretudo de materiais orgânicos em locais inapropriados, uma ação que não é permitida e passível de multa", finaliza nota de esclarecimento. Lembrando que a população pode fazer denúncias, com identificação, ao Canal Cidade Ativa, no número 0800 940 0101.

Em busca de melhorar a gestão, a bacharel em Direito Camilla Duarte Bello assumiu, em janeiro, o Departamento de Cemitérios. A proposta era de agilizar serviços e reforçar a fiscalização, com o engenheiro Phillip Fabris responsável por mapear os túmulos danificados. A informação foi noticiada pela coluna Falando Sério.

Conforme a pasta, a equipe é orientada a estar atenta a toda movimentação para proceder à limpeza dentro do local, respeitando as práticas religiosas em sua integralidade, visto que a limpeza externa é feita pelo Codau e varrição social. Entretanto, as reclamações seguem sendo frequentes, envolvendo especialmente o cemitério São João Batista.

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