Chega ao Brasil um novo teste capaz de detectar precocemente o Alzheimer, o que traz esperança a diversas pessoas com histórico familiar da doença. Com 88% de precisão, o PrecivityAD2 identifica proteínas que indicam a presença ou ausência de placas amiloides cerebrais, que caracterizam o diagnóstico da patologia pelo sangue do paciente.
Ao JM News 1ª Edição, a neurologista Camila Batalha explica que o exame trouxe para o Brasil a possibilidade de identificar precocemente a doença e de forma mais segura. “Comparado ao PET-amiloide cerebral, ele evita a exposição desses pacientes à radiação. Nesse exame, então, é feita uma coleta de sangue do paciente e essa amostra vai para os Estados Unidos. Dentro de 20 dias, a gente consegue ter realmente a detecção quanto às proteínas que são capazes de indicar a presença dessas placas amiloides no cérebro. Tem aí uma especificidade, a gente consegue fazer um diagnóstico precoce”, explica.
Atualmente, a Doença do Alzheimer atinge cerca de 1,2 milhões de brasileiros, sendo diagnosticados 100 mil pacientes por ano, conforme dados do Ministério da Saúde. Estimativas da Alzheimer’s Disease International mostram que os números globais da doença poderão chegar a 74,7 milhões, em 2030, e 131,5 milhões, em 2050.
O Alzheimer se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória. Seu reflexo é o comprometimento progressivo nas atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. Uma doença sem cura, as medicações receitadas após o diagnóstico apenas retardam a progressão da doença.
“Infelizmente, a gente ainda não tem a cura para o Alzheimer, mas conseguimos, por meio dos medicamentos, que os pacientes possam interromper a evolução da doença. Mas a gente sabe que não tem cura. Então, a progressão tem um declínio, a redução daquela que é a piora do paciente. Mas a gente sabe que vai evoluir”, afirma Camila Batalha.
Neste sentido, especialistas ainda debatem como a detecção precoce da doença pode auxiliar a evitar seu desenvolvimento. Conforme ela explica, há quem defenda a utilização dos anticorpos monoclonais como meio de evitar a progressão da patologia.
"Há quem defenda uma outra [teoria] fisiologicamente, que é o estigma de você ter uma detecção de uma doença precoce, por exemplo, um paciente abaixo de 60 anos de idade e já criar toda aquela expectativa. Então, eles não falam de tratamento precoce quando você tem um diagnóstico, porque você não tem esse sintoma. Mas o que os estudos estão demonstrando é que esses medicamentos mais recentes, que são os anticorpos monoclonais, antigamente eles eram só utilizados na fase mais avançada. Então, com esse diagnóstico precoce, eles também têm a possibilidade de usar esses medicamentos nessa fase precoce e não só numa fase avançada", explica.
A neurologista pontua que a prevenção da doença inclui uma rotina mais saudável com atividade física regular, evitar o hábito do tabagismo e etilismo, uma alimentação saudável que inclua frutas, verduras e legumes, além da prevenção de outras doenças como obesidade, diabetes, depressão e hipertensão. Também são fatores de risco, de acordo com o Ministério da Saúde:
Poluição do ar: Uma quantidade crescente de evidências e pesquisas mostram que a poluição do ar aumenta o risco de demência.
Ferimento/trauma na cabeça: As lesões na cabeça são mais comumente causadas por acidentes de carro, motocicleta e bicicleta; exposições militares; boxe, futebol, hóquei e outros esportes; armas de fogo e agressões violentas e quedas.
Contato social pouco frequente: Está bem estabelecido que a conexão social reduz o risco de demência. O contato social aumenta a reserva cognitiva e encoraja comportamentos benéficos.
Menos educação: Um baixo nível de escolaridade no início da vida afeta a reserva cognitiva e é um dos fatores de risco mais significativos para demência.
Deficiência auditiva: Pessoas com perda auditiva têm um risco significativamente maior de demência. O uso de aparelhos auditivos parece reduzir o risco.